Os diretores clínicos e de departamento do Hospital de S. João aceitaram continuar em funções até 15 de julho, data em que esperam que sejam postas em prática as medidas apresentadas pelo Governo para resolver as deficiências.
Em comunicado lido este sábado pelo presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, António Ferreira, após uma reunião com os presidentes das Unidades Autónomas de Gestão e Diretores de Serviço que, na quinta-feira, apresentaram em bloco a sua demissão, “as lideranças intermédias avaliaram favoravelmente” as soluções propostas pela tutela.
“Aguardam a concretização das mesmas por parte do governo nos prazos definidos pela tutela, a maioria dos quais decorre até 15 de julho. Manifestam total confiança no Conselho de Administração. Durante este período asseguram a continuidade de funções”, disse António Ferreira.
Interrogado sobre as soluções apresentadas pelo Governo, António Ferreira explicou que passam por dois tipos de abordagem, sendo a primeira de “caráter “conjuntural, que têm a ver com situações de resposta a solicitações e a necessidades mais emergentes”, nomeadamente no Serviço de Urgência, com a contratação de profissionais e resolução de alguns problemas relacionados com a manutenção de equipamentos.
“Há outro tipo de abordagem, que tem a ver com questões de ordem estrutural, que tal como o Ministério da Saúde já anunciou – eu pelo menos vi ontem nas notícias – tem a ver com a aplicação de um novo modelo de gestão para os hospitais que estão em equilíbrio económico, relacionado com mais autonomia na gestão dos seus recursos”, acrescentou.
Questionado sobre se sai no caso de estas soluções não serem implementadas, António Ferreira respondeu: “O Ministério da Saúde e o Governo que me nomeou têm obviamente toda a autonomia e todo o direito de tomar as medidas que entender e de me exonerar quando muito bem entender”.
“Eu tenho também o direito e o dever de me manter em funções lutando, tanto quanto me for possível e no máximo das minhas capacidades, para conseguirmos ter um hospital que mantenha os níveis que tem tido ao longo deste tempo. Como temos, como qualquer cidadão, se considerarmos que estão exauridas as condições de exercício, a possibilidade em qualquer momento de pedir para que sejamos exonerados. Esse momento não existiu”, concluiu.
Dirigentes intermédios aguardam decisão do CA sobre pedido de demissão
O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João disse que os dirigentes intermédios aguardam pela decisão, na próxima semana, da administração sobre os pedidos de demissão, garantindo o funcionamento do hospital “sem convulsão ou problema”.
“Nem mantêm, nem deixam de manter. Apresentaram um pedido de demissão e aguardam que o Conselho de Administração proceda à demissão deles ou não aceite a demissão dos mesmos”, respondeu o responsável, antecipando que essa decisão será tomada na reunião do Conselho de Administração, na próxima semana.
António Ferreira rejeita que se trate de cedências ou de exigências dos dirigentes, considerando que este processo passou pelo “reconhecimento que os profissionais do S. João, ao longo deste tempo, fizeram de dificuldades que se vinham acumulando, em relação às quais o ministério propôs soluções”.
“Essas soluções são consideradas adequadas quer pelo conselho, quer pelos profissionais. Os profissionais não deram nenhuma margem de tempo, não puseram nenhuma condição temporal para o que quer que seja. Por prazos definidos pela tutela, ficou definido uma previsão de que todas as medidas podem ser implementadas – ou a maioria – até dia 15”, disse.
O presidente acrescentou ainda que todos os órgãos de gestão intermédia confiam no Conselho de Administração para implementar estas medidas e “todos eles mantêm a garantia de que o hospital vai continuar a funcionar sem qualquer tipo de convulsão ou problema”.
/Lusa