A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, considerou “necessária” uma reestruturação da dívida grega e assegurou que continua “comprometida” com as tentativas para encontrar uma solução para a crise naquele país.
“Uma reestruturação da dívida é, na nossa opinião, necessária no caso da Grécia, para que ela tenha uma dívida viável”, declarou esta quarta-feira a francesa que dirige o Fundo Monetário Internacional, na Brookings Institution, um think tank de Washington.
A posição de Christine Lagarde contraria as opiniões da maioria dos países da zona euro, mas é consistente com o relatório do FMI divulgado na semana passada que defendia que as finanças públicas da Grécia não serão sustentáveis sem uma redução substancial da dívida, admitindo ainda que Atenas vai precisar de 50 mil milhões de ajuda adicional ao longo de três anos.
“Sempre recomendámos que o programa fosse assente em duas vertentes: de um lado as reformas significativas e a consolidação fiscal, como aconselhámos nos casos de Portugal, Irlanda, Chipre e, fora da zona euro, na Letónia e na Islândia – e que funcionou. E do outro a reestruturação da dívida, que consideramos ser preciso no caso particular da Grécia. Esta análise mantém-se”, defende Lagarde, sublinhando assim que a situação grega tem contornos excecionais e o que se decida para o caso de Atenas – incluindo o perdão de parte da dívida – não será aplicado a outros países resgatados.
Entretanto, o governo grego prepara as propostas para serem entregues aos credores, que incluem cortes nas pensões, aumentos de impostos e outras medidas de austeridade que podem atingir os 12 mil milhões de euros, de acordo com o The Guardian, um valor abaixo das medidas de austeridade estimadas entre os 8 e os 9 mil milhões de euros da proposta anterior que foi rejeitada no referendo.
A equipa do novo ministro das Finanças, Euclid Tsakalotos, está a ser apoiada por técnicos franceses, que passam a pente fino todas as medidas que vão constar da proposta.
O novo resgate, a ser aceite, deverá ser superior a 30 mil milhões de euros e inferior a 50 mil milhões de euros.
No entanto, de acordo com o Jornal de Negócios, o FMI calcula que a Grécia poderá necessitar de financiamento na casa dos 70 mil milhões de euros para os próximos três anos, mais do que os 52 mil milhões apontados na última estimativa, que assumia que Grécia receberia os 16 mil milhões europeus do segundo resgate que não foram transferidos.
Bancos continuam fechados até segunda-feira
Os bancos gregos vão manter-se fechados até segunda-feira, indicou uma fonte do Ministério das Finanças da Grécia, após os esforços do Governo para apresentar aos parceiros europeus uma nova proposta que inviabilize a sua saída da Zona Euro.
Na Grécia, os bancos estão encerrados desde 28 de junho, com os levantamentos nas caixas multibanco limitados a 60 euros por dia, para impedir uma falta de liquidez, após o ‘Não’ dos gregos às condições impostas pelos credores internacionais para um novo resgate financeiro.
A resposta dos gregos foi dada no passado domingo, 05 de julho, no referendo convocado pelo executivo do primeiro-ministro de esquerda, Alexis Tsipras.
O Ministério das Finanças grego tinha anunciado na terça-feira que os bancos reabririam “progressivamente” até ao final desta semana.
/Lusa