Denúncia de irregularidades no acesso a cirurgia plástica, à qual António Gandra d´Almeida foi submetido no mês passado através do SNS, está sob investigação. Diretor diz que denúncia é uma “devassa da vida pessoal”.
A Inspeção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) está a investigar uma denúncia de irregularidades no acesso a uma cirurgia no Serviço Nacional de Saúde (SNS) à qual o atual diretor executivo, António Gandra d´Almeida, foi submetido.
A denúncia anónima alega que o diretor terá beneficiado de tratamento preferencial para a cirurgia plástica, realizada no hospital de Gaia em outubro, contornando as regras de gestão das listas de espera do SNS e passando à frente de outros doentes na mesma situação, avança o Público esta quinta-feira.
A IGAS instaurou um processo de inspeção após receber uma denúncia anónima que apontava para um possível incumprimento das normas do Sistema Integrado de Gestão do Acesso (SIGA SNS). A investigação visa agora determinar se Gandra d´Almeida violou o percurso habitual de acesso a cirurgias.
A entidade destacou uma equipa para recolher informação no hospital de Gaia. De acordo com a IGAS, a abertura de processos com base em denúncias anónimas é prática comum, em conformidade com a legislação de 2021 sobre proteção de denunciantes.
“Devassa da vida pessoal”, diz diretor
Confrontado com a denúncia, Gandra afirmou ser alvo de uma “devassa da vida pessoal” e garantiu que “tudo foi feito segundo as regras”.
A Direção Executiva do SNS reforçou que o processo clínico e a inscrição para cirurgia ocorreram antes de Gandra assumir o cargo e que os procedimentos hospitalares foram cumpridos de acordo com a lei.
O tenente-coronel médico foi nomeado diretor executivo do SNS em maio e tomou posse oficialmente em junho. Segundo fontes do processo, a primeira consulta no hospital de Gaia foi registada nesse mês, enquanto a inscrição para cirurgia ocorreu em setembro.
O hospital de Gaia apresenta tempos médios de espera superiores aos definidos pela legislação, realça ainda o Público. Atualmente, 315 pacientes aguardam consulta prévia para cirurgia plástica, com um tempo médio de espera de 57 dias.
Na lista para cirurgia, existem 938 doentes, com um intervalo médio de espera de 3,16 meses. Para casos de doenças oncológicas, os prazos são mais curtos, com apenas 22 pacientes inscritos e um tempo médio de espera inferior a um mês.
Caso se confirmem as irregularidades, a investigação da IGAS poderá ser mais uma grande ‘dor de cabeça’ para a credibilidade do SNS, atualmente sob fogo devido ao caos no INEM que tem vindo a marcar a agenda do país depois de 11 mortes estarem possivelmente ligadas a atrasos nos serviços de emergência.