O diretor de material circulante da CP, José Pontes Correia, foi exonerado depois de se ter manifestado contra um ato de gestão da administração da empresa, que pode, na sua opinião, pôr em causa a segurança dos passageiros.
Em causa está a decisão de prolongar o ciclo de manutenção dos rodados das UTE (Unidades Triplas Elétricas) em mais 300 mil quilómetros do que aquilo que está previsto no seu programa de manutenção.
Estas automotoras deveriam recolher às oficinas ao fim de 1,7 milhões de quilómetros percorridos para que os seus rodados sofressem uma minuciosa vistoria e, em função do seu estado, fossem substituídos ou reperfilados para poderem voltar aos carris.
O problema é que, com a atual falta de material da CP – que tem provocado inúmeras supressões de comboios – isso significava imobilizar uma das frotas mais importantes da CP. As UTE são responsáveis pelo serviço Tomar – Lisboa e pelos regionais das linhas do Norte, Beira Alta, Beira Baixa e ainda Figueira da Foz – Coimbra. Substituem também os Intercidades para Évora quando a CP não tem máquinas e carruagens para os realizar.
Sendo uma frota vital para o funcionamento da CP, a administração não quis arriscar a sua imobilização, sob pena de repetir no inverno, e durante mais de um ano, o caos ferroviário que se viveu neste verão devido às supressões de comboios.
Além disso, 2019 é ano de eleições e não é favorável ao Governo ver mais notícias sobre o mau funcionamento da ferrovia. Por isso, a solução foi “empurrar com a barriga” – as imobilizações de material, que agora não se farão, serão adiadas para 2020.
Foi contra este cenário, avança o Público esta manhã, que se insurgiu o diretor de material da CP, José Pontes Correia, que chamou a atenção para os riscos desta medida.
A decisão teve em conta uma vistoria breve ao estado dos rodados das automotoras, mas com critérios muito pouco exigentes. O aconselhável seria que fossem utilizados meios ultra-som na observação dos rodados, bem como líquidos penetrantes para detetar possíveis fissuras. Mas isso não foi feito.
O risco de circularem com os rodados fora dos padrões de segurança vem aumentando pela especificidade da rede ferroviária portuguesa, que está, de um modo geral, em mau estado.
O então diretor de material circulante da CP, José Pontes Correia, opôs-se à decisão e criticou os critérios pouco exigentes da inspeção dos rodados das composições. No início de dezembro, foi exonerado.
A CP garantiu que a alteração ao ciclo de manutenção daquelas unidades foi feita após um estudo prévio e que foram cumpridos os requisitos de segurança, assegurando também que “esta alteração não coloca em causa a segurança da operação ou dos passageiros”.
Sobre a exoneração de José Pontes Correia, a empresa preferiu não comentar, sublinhando apenas que a sua política de recursos humanos passa “pelo ajustamento sistemático e contínuo dos perfis dos seus colaboradores às exigências e níveis de responsabilidade das diversas áreas da empresa”.
Se não está de acordo, “obviamente” é demitido…..
(onde è que eu já ouvi isto?…)
Isto não será mais uma forma de alguns ou todos os gestores/administradores desta empresa, ganharem algum à custa desta poupança?! E como alguém põe o dedo na ferida é logo colocado de parte! Enfim….isto é mau demais…
depois se acontecer algum acidente, sacodem a agua do capote e ninguem assume a culpa
la vai o governo gastar uns milhares a realizar uma comissao de inquerito para nao se chegar a uma conclusao (porque interessa a alguem que isto aconteça)
e assim a culpa morre solteira e quem fixa triste sao os familiares que viram os entes queridos desaparecerem por birras de alguem
… o dito estado que criamos, temos e mantemos no seu melhor.