Direita reúne-se em busca do tal “chefe” (e o CDS promete ser a “Primavera”)

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José Coelho / Lusa

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos (E) saúda o presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio

O segundo congresso do Movimento Europa e Liberdade (MEL) arrancou nesta terça-feira em Lisboa, contando com a presença de várias figuras do centro-direita português, entre as quais Paulo Portas. Na abertura da convenção, o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, prometeu que o seu partido será a “Primavera” que vai permitir a “reinvenção” do centro-direita e encontrar um “líder agregador”.

Na abertura da convenção do MEL que se realiza nesta terça-feira e na quarta-feira, em Lisboa, o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, voltou a vincar a necessidade de uma coligação com o PSD, não se esquecendo de incluir até André Ventura numa aliança de centro-direita.

Se não nos encarregarmos de fazer a história da direita em Portugal, outros, vindos das franjas, com voz de protesto, a farão por nós”, afirmou no discurso de abertura da convenção, conforme cita o Expresso.

“Mais do que federar, fundir ou coligar-se, o centro-direita tem de se reconhecer num líder agregador”, apontou ainda, garantindo que o CDS será a “Primavera que a direita tem de atravessar para se reinventar e renascer”, segundo citação do Observador.

Apontando que o caminho para derrotar o Governo de esquerda passa pela estratégia da “aliança dos partidos de direita“, Chicão, como é conhecido dos tempos em que foi líder da Juventude Popular, aponta aos próximos grandes desafios eleitorais.

Assim, nas presidenciais sublinha que é preciso procurar “unir em lugar de fragmentar”, o que deixa antever um apoio à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. Nas autárquicas, Chicão defende “listas comuns, sempre que isso sirva o melhor interesse das populações e sempre que isso permita vencer a esquerda”, e nas legislativas, nota que é preciso chegar a “uma proposta de compromissos que ofereça aos portugueses uma solução de Governo”.

Numa farpa a Rui Rio, o líder do CDS aponta que “a responsabilidade é enorme” e todos devem “estar à sua altura, sob pena de, perdidos em agendas particulares e em jogos palacianos, sairmos do próximo ciclo eleitoral mais enfraquecidos do que entrámos”.

No seu discurso, Chicão deixou também patente que Mário Centeno só pode ser governador do Banco de Portugal na próxima legislatura. “Quem quer deixar de ser jogador para passar a ser árbitro, tem pelo menos de esperar pelo próximo campeonato, que é como quem diz, pela próxima legislatura”, reforçou.

Portas presente, Rio ausente e Passos convidado

A convenção do MEL vai contar com a participação de Paulo Portas que vai falar sobre os desafios da globalização.

Não se espera que Portas se meta nas discussões sobre o estado da direita em Portugal, numa altura em que se afastou da vida política e quando se espera que só volte para ser candidato à Presidência da República.

Quem não vai marcar presença é Rui Rio, conforme avança o Expresso que garante também que Pedro Passos Coelho foi convidado. O ex-primeiro-ministro não deve contudo voltar já à intervenção política, numa altura em que continua de luto depois da morte da mulher, vítima de cancro.

Presença certa é o presidente da Mesa do Congresso do PSD, Paulo Mota Pinto, além dos líderes do Iniciativa Liberal, do Chega e do Aliança, bem como outras figuras sociais-democratas como Joaquim Sarmento, o “Centeno de Rio”, e Miguel Poiares Maduro.

A ideia da convenção do MEL é “refundar a direita e influenciar os partidos numa alternativa ao “socialismo radical””, como destaca o Expresso com base no programa do movimento.

“A direita, quando tem chefe, sabe quem é. Quando não tem, é um desastre”, frisa ao semanário um dos participantes na convenção. Mas o fundador do MEL, Jorge Marrão, recusa a ideia de que o objectivo principal passe pela busca de um líder. “O que nos move é o projecto, não é tanto encontrar um líder“, diz ao Expresso.

O texto de apresentação da convenção deixa no ar várias perguntas que devem encontrar resposta durante os dois dias do evento. “Estará Portugal condenado? As novas desigualdades são superáveis? Somos uma tragédia? O Estado de Direito foi capturado pelos interesses? A ditadura do politicamente correcto está a destruir-nos? Há saídas? E quem é que protagoniza a alternativa à extrema-esquerda e ao socialismo radical?”, questiona-se.

Fica patente a ideia de que o centro-direita precisa de um líder agregador que possa fazer sombra ao “poder” de António Costa.

Jorge Marrão refere-se ao evento do MEL como “uma espécie de primárias da direita” para definir uma “identidade” que possa ameaçar o Governo do PS, acusando António Costa de estar apenas “focado no poder” e de não conseguir “explicar o seu projecto a ninguém”.

ZAP //

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