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Dióxido de cloro, a cura falsa (e perigosa) para a covid-19 que o senado da Bolívia já aprovou

Martin Alipaz / EPA

Os sistemas de saúde enfraquecidos de certos países ao redor do mundo levam a que a esperança da cura contra a covid-19 se concentre em produtos “milagrosos” que podem ser fatais. É o caso da Bolívia.

Na Bolívia, há uma substância a ganhar terreno como potencial cura para a covid-19: chama-se Solução Mineral Milagrosa, ou MMS, sendo que o seu verdadeiro nome é dióxido de cloro, um desinfetante industrial.

As deficiências no sistema de saúde e no sistema político fazem com que esta falsa cura para a covid-19, que pode ter efeitos perigosos, seja promovida na Internet. No caso da Bolívia, uma das câmaras parlamentares já aprovou a sua utilização.

Segundo o Expresso, o senado, controlado pelo Movimento Al Socialismo de Evo Morales, autorizou, “de forma excecional, o fabrico, comercialização, administração e uso da solução de dióxido de cloro para a prevenção e o tratamento do coronavírus”, lê-se no anúncio oficial publicado na página do senado.

“Esta determinação durará enquanto existir o risco de contágio do coronavírus e a produção da solução de dióxido de cloro estará em laboratórios públicos e privados autorizados pelo órgão regulador competente, devendo cumprir as medidas de qualidade e incluir informação que certifique a composição, dosificação, precaução e cuidados na hora de consumir”, acrescenta o documento.

Os cientistas alertam, contudo, que o único cuidado razoável a ter em conta é não tomar dióxido de cloro para tratar doenças, seja covid-19 ou outra qualquer.

Várias instituições internacionais alertaram para o uso perigoso desta substância, mas tal não impediu dez bispos bolivianos de a recomendarem, à semelhança do que diversos grupos religiosos tê feito.

Apesar de o Governo se opor à utilização do dióxido de cloro e de a Agência Estatal de Medicamentos e Tecnologias de Saúde ter alertado para os riscos, a verdade é que os poderes de veto da presidente interina do país, Jeanine Áñez, são limitados.

O Expresso esclarece que mesmo que a câmara baixa acabe por não aprovar a lei ou que a legislação não entre em vigor por outro motivo, é muito provável que o mal esteja feito e continue, num país onde existe uma forte tradição de automedicação.

ZAP //

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