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Dinamarqueses que querem o divórcio obrigados a frequentar terapia para casais

Com uma das taxas de divórcio mais altas da Europa, o Governo dinamarquês decidiu alterar a legislação e implementar um período de espera de três meses e terapia para casais obrigatória.

Segundo o The Guardian, os dinamarqueses que antes se quisessem divorciar precisavam apenas de preencher um formulário online. Mas agora, graças a um conjunto de alterações legislativas que entrou em vigor em abril, as regras do jogo mudaram.

Esperar pelo menos três meses para oficializar o divórcio e terapia para casais obrigatória são algumas das medidas pensadas pelo Governo dinamarquês para fazer frente àquela que é uma das taxas de divórcio mais altas da Europa. Só no ano passado, o país registou 15 mil divórcios, o equivalente a quase metade do número de casamentos.

De acordo com um inquérito realizado pelo Politiken, citado pelo diário britânico, 68 dos 98 municípios dinamarqueses oferecem sessões gratuitas de terapia para casais a atravessar dificuldades. O objetivo é manter as famílias juntas para assim poupar dinheiro aos municípios em habitação e serviços.

As iniciativas, que podiam ser vistas em alguns países como uma indesejável intrusão do Estado na vida privada, foram bem recebidas não só pelo povo como também pela maioria dos políticos dinamarqueses.

“É bom tanto para o casal como para o município — prevenir é sempre melhor do que remediar”, afirma Jette Haislund, responsável do departamento de saúde do município de Ringkøbing-Skjern, uma das primeiras autoridades locais a experimentar a terapia.

O período de espera de três meses e o curso de “cooperação após o divórcio”, feito online ou através de uma aplicação, visa facilitar o processo de divórcio de casais e filhos, ajudando-os a melhorar a comunicação.

O jornal inglês escreve que os pais podem adaptar as sessões individualmente, a partir de 17 módulos de meia hora que oferecem soluções concretas para potenciais áreas de divergência durante o processo de divórcio, incluindo como lidar com festas de aniversário ou como falar com um ex-parceiro em caso de raiva.

“Trata-se de reduzir o custo humano e financeiro de um divórcio. Trata-se de se entender a si mesmo e as reações dos seus filhos, e de lidar com a partilha das responsabilidades parentais depois do divórcio”, explica Gert Martin Hald, psicólogo e professor de saúde pública da Universidade de Copenhaga, que ajudou a conceber as sessões de terapia.

“Isso ajuda a lidar com o stress, a ansiedade, a depressão e reduz o número de dias que o casal se ausenta do emprego”, acrescenta ainda.

A iniciativa já foi testada em 2.500 voluntários e, segundo o psicólogo, os dados são claros. “O programa funciona. Em 13 dos 15 casos, teve um efeito positivo moderado a forte na saúde mental e física, levando a menos ausências no trabalho. Depois de 12 meses, os casais estavam a comunicar entre si como se não se tivessem divorciado”.

Hjalmar, um dos voluntários há cerca de quatro anos, considera que o método foi muito útil. “Obviamente, não vai reparar um casamento desfeito, mas ajuda a resolver algumas questões muito importantes quando provavelmente não estamos a pensar de forma clara”.

ZAP //

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