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Asymptomatique, télétravailler e coronapiste. Bíblia da língua francesa adaptou-se à pandemia

A pandemia de covid-19 mudou as nossas vidas e até os dicionários se viram obrigados a adaptar-se a este período excêntrico. Asymptomatique, télétravailler e coronapiste são algumas das palavras que farão parte da edição de 2022 do dicionário Le Petit Larousse.

Uma das bíblias da língua francesa, Le Petit Larousse, deverá incluir, já no próximo ano, um número recorde de novas palavras. Muitas delas são fruto da pandemia de covid-19.

A edição de 2022 do famoso dicionário ilustrado contém 170 entradas adicionais para refletir o que os editores descrevem como “um ano sem precedentes de desafios”, tanto na saúde como na linguagem.

“Nunca vi uma mudança linguística tão grande“, começou por dizer Bernard Cerquiglini, professor de linguística e assessor científico do Le Petit Larousse, ao France Info.

“Faz-me lembrar o que aconteceu durante a revolução francesa, uma convulsão, o surgimento de novas palavras e significados e, acima de tudo, uma apropriação coletiva da língua”, acrescentou.

Os substantivos Sars-CoV-2 e covid-19 estão entre as novas entradas e assumem a forma feminina “la”.

Asymptomatique (“assintomático”); quatorzaine (“período de quarentena de 14 dias”); réa (“reanimação” ou “tratamento intensivo”); e télétravailler (“teletrabalho”) também vão entrar no dicionário francês.

Menos óbvia é a palavra coronapiste (palavra francesa para “ciclovia corona”), uma ciclovia introduzida durante a crise de covid-19.

Outras palavras que serão incluídas no dicionário, publicado pela primeira vez em 1905, refletem eventos que chegaram às manchetes dos jornais franceses no ano passado, como o assassinato de George Floyd.

A nova edição do Le Petit Larousse incluirá a palavra racisé, adjetivo para designar “alguém que é objeto de perceções e/ou comportamentos racistas”.

O comité Larousse é formado por 40 pessoas: 20 funcionários e 20 assessores externos de diversas áreas, incluindo ciências, artes, gastronomia e tecnologia.

Normalmente, são necessários cerca de três anos de uso generalizado para uma palavra ser escolhida, em comparação com os 10 anos exigidos pelo dicionário da Académie Française. Além disso, o comité limita-se, geralmente, à entrada de cerca de 150 novas palavras.

A pandemia de covid-19 obrigou o dicionário francês a mergulhar na crise sanitária. Mas não foi o único.

O confinamento de quase quatro meses na Alemanha também não colocou restrições ao seu idioma de palavras multissilábicas. Os alemães inventaram mais de 1.200 palavras para descrever as regras e realidades da vida em tempo de pandemia.

Liliana Malainho, ZAP //

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