Devíamos dar uma segunda chance aos ratinhos com asas

As pombas são muitas vezes alvo da discriminação ou desconfiança humana. No entanto, não nos devíamos precipitar…. Até porque há muito para apreciar nestes “ratinhos com asas”.

As pombas, vulgarmente conhecidas como “ratos com asas”, geralmente, surpreendem aqueles que se dedicam a conhecê-los melhor.

Apesar da sua reputação negativa na nossa sociedade, estas aves urbanas têm características incríveis, como inteligência, habilidades sociais e até uma rica história cultural.

Joshua Howgego conta na New Scientist a sua aventura com as pombas. Tudo começou num passeio casual no parque, quando foi apanhado de surpresa por um amigo que descreveu as pombas como “a minha ave preferida”.

Inicialmente cético, o autor dedicou-se à observação e pesquisa destas aves, partilhando na revista uma experiência que combinou a observação prática e a investigação científica.

Howgego descobriu e descreveu várias coisas surpreendentes sobre as pombas.

Entre as quais:

Desde logo, estas aves destacam-se pela capacidade de orientação, sendo, por exemplo, capazes de reconhecer caras e lembrando-se de interações positivas ou negativas com diferentes pessoas.

Um estudo recente demonstrou a habilidade destas aves para aprender a ortografia básica, reconhecendo até 43 palavras de quatro letras em experiências laboratoriais.

Além disso, estas aves exibem comportamentos sociais únicos, como, por exemplo, darem beijos, produzirem uma espécie de “leite” para amamentar os filhotes, e baterem as asas em celebração após o acasalamento.

Um estudo recente revelou que as pombas até são capazes de sonhar.

Utilizando ressonância magnética funcional, cientistas identificaram atividade cerebral durante o sono, semelhante à fase de movimento rápido dos olhos (REM) nos humanos. Curiosamente, algumas regiões do cérebro ativadas durante o voo também se iluminam durante os sonhos, sugerindo que as pombas sonham com o ato de voar (tão parecidas connosco…).

Estudos também demonstraram que as pombas são capazes de fazer a chamada evolução cultural cumulativa – que é a forma como as inovações se desenvolvem ao longo das gerações, aumentando o conhecimento e as competências coletivas de um grupo, para produzir tecnologias e aprendizagens mais complexas.

Este traço que era, até então, considerado exclusivo dos humanos.

Ao estudarem rotas de voo, os investigadores descobriram ainda que grupos de pombas aprendem e melhoram trajetos ao longo de gerações, demonstrando inteligência coletiva.

No entanto, a subvalorização das pombas leva a maus-tratos generalizados destes animais. Especialistas defendem um maior respeito por estas aves, lembrando que o facto de “nos incomodarem” não justifica os maus-tratos.

ZAP //

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