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Chegou o Deucalion: o novo supercomputador português

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FCT

Novo supercomputador português Deucalion

O novo supercomputador português Deucalion tem 26 toneladas.

É inaugurado nesta quarta-feira, em Guimarães, o novo supercomputador português, o Deucalion, que tem 26 toneladas e capacidade para fazer 10 milhões de biliões de cálculos por segundo.

Este novo supercomputador fica instalado num edifício da Universidade do Minho (UM) no campus de Azurém, em Guimarães, no distrito de Braga.

O equipamento começa a funcionar quatro anos depois da assinatura do contrato de aquisição entre a Empresa Comum Europeia para a Computação de Alto Desempenho (EuroHPC na sigla em inglês), a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e a Fujitsu, a empresa que fornece a tecnologia.

O Deucalion substitui o Bob que foi instalado em 2019, em Riba de Ave, Vila Nova de Famalicão, também no distrito de Braga. E é “mais rápido e eficiente”, “dez vezes mais” do que o Bob, como vinca o Público.

O novo supercomputador petascale é “capaz de executar o desempenho máximo de 10 Petaflops ou 10 milhões de biliões de cálculos por segundo“, segundo um comunicado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

“A máquina usará a tecnologia ARM, que se trata do Fujitsu A64FX CPU, usado pelo Fugaku, o supercomputador mais rápido do mundo actualmente”, acrescenta o Ministério.

50 litros de água/segundo para refrigerar o supercomputador

A implementação do projecto estava prevista para 2020 e devia ficar instalado no Minho Advanced Computing Centre (MACC), também em Guimarães.

Contudo, esse data center não ficou pronto a tempo e, por isso, foi designado um novo edifício para acolher o Deucalion. Seguiram-se obras de adaptação e um concurso público para adjudicação que levaram ao adiamento da entrada em funcionamento do supercomputador para 2022.

Finalmente, em 2023, o Deucalion, nome de um deus grego, está pronto a funcionar. Contudo, só começará a receber projectos científicos no próximo ano.

O projecto foi desafiante por tudo o que envolve, “não só espaço físico, mas também um acesso energético enorme, já que consome muita electricidade, e também um sistema de refrigeração com um caudal de cerca de 50 litros de água por segundo“, explica ao Público o coordenador da Unidade de Computação Científica da FCT, João Nuno Ferreira, que gere o projecto.

Um “salto muito significativo” depois do Bob

A iniciativa pode dar um grande impulso à ciência portuguesa, nomeadamente em termos da velocidade do cálculo e da análise de dados.

Para se ter uma ideia, um supercomputador pode analisar um determinado problema/situação numa hora enquanto um computador portátil pode demorar mais de 20 anos a fazê-lo. Esta é uma vantagem fundamental com várias aplicações científicas.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera já tem em funcionamento um outro supercomputador que aumenta em 20 vezes a capacidade de prever o tempo.

“A primeira experiência com o Bob foi importante para perceber o potencial que a supercomputação oferecia ao nosso país” e “a resposta foi interessante”, o que permite olhar “com confiança para o sucesso desta nova máquina”, destaca no Público o reitor da UM, Rui Vieira de Castro.

Já o vice-presidente da FCT, Francisco Santos, sublinha, no mesmo jornal, que o Deucalion “é um salto muito significativo face ao Bob”.

De resto, nunca foi possível “ter o Bob com a potência máxima”, explica ainda o coordenador da Unidade de Computação Científica da FCT, recordando que esse supercomputador foi doado pela Universidade de Austin (EUA) e que, assim, não “encaixava” nos requisitos técnicos dos centros de dados portugueses.

Agora, com o Deucalion, Portugal poderá ter projectos “de uma dimensão que não era possível antes”, salienta João Nuno Ferreira.

65% do tempo do Deucalion será para portugueses

Qualquer investigador português pode recorrer au Deucalion, uma vez que o acesso é totalmente remoto, como refere a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, em declarações ao Público.

O supercomputador estará também acessível à comunidade académica, às empresas e à administração pública. A FCT vai lançar concursos de acesso à infraestrutura e criar programas específicos de apoio a PME (Pequenas e Médias Empresas).

“Entre o final deste ano e o início do próximo, esperamos ter a máquina em velocidade de cruzeiro a receber as centenas de projectos que estou certo que serão submetidos”, diz ao mesmo jornal o coordenador da Unidade de Computação Científica da FCT.

Em termos de uso, 65% do tempo do supercomputador será atribuído a projectos portugueses, e os restantes 35% serão destinados a cientistas europeus.

O projecto teve um investimento inicial de 20 milhões de euros, com 65% do valor a ser suportado pela FCT e o restante vindo da União Europeia.

Em termos de gastos operacionais, nomeadamente de energia e de pessoal, “ao longo dos próximos cinco anos, estes custos poderão ser por volta de 13 a 15 milhões de euros”, antecipa João Nuno Ferreira no Público.

Susana Valente, ZAP //

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