Desculpas pelo colonialismo são “moda” e “Portugal não tem de pedir”

José Sena Goulão / Lusa

Nuno Melo, do CDS/PP

Nuno Melo

O líder do CDS-PP, Nuno Melo, diz que os pedidos de desculpas de outros países pelo colonialismo são “moda” e que “Portugal não tem de pedir”.

Há um coro crescente de pedidos de desculpas de vários países pelos erros cometidos no passado, nomeadamente pelo colonialismo e pela escravatura.

Em dezembro, o primeiro-ministro neerlandês juntou-se a este movimento. “Hoje peço desculpas pelas ações passadas do Estado holandês ao escravizar pessoas no passado”, disse Mark Rutte antes das visitas oficiais ao Caribe e ao Suriname.

As declarações do líder do governo dos Países Baixos surgem depois de comentários racistas feitos dentro do ministério dos Negócios Estrangeiros do país. De acordo com a BBC, alguns países africanos eram descritos como “países macacos”.

Os Países Baixos juntaram-se a países como Reino Unido, França e Dinamarca, que já se pronunciaram sobre o tema, pedindo desculpas pelos erros cometidos.

Na Bélgica, o rei Filipe manifestou um “profundo pesar pelas feridas do passado”, mas não fez um pedido formal de desculpas. A Alemanha, em 2021, admitiu pela primeira vez ter cometido um genocídio contra as tribos na Namíbia.

Portugal nunca fez um pedido formal de desculpas a outros países relacionado com o colonialismo ou a escravatura, sublinha a CNN Portugal.

Uma das principais manifestações do Governo aconteceu em setembro passado, quando António Costa, numa visita a Maputo, em Moçambique, pediu desculpa pelo massacre de Wiriamu.

“Neste ano de 2022, quase decorridos 50 anos sobre esse terrível dia de 16 de dezembro de 1972, não posso deixar aqui de evocar e de me curvar perante a memória das vítimas do massacre de Wiriamu, ato indesculpável que desonra a nossa história”, afirmou, em Maputo.

Em dezembro, no dia em que passaram 50 anos desde o massacre de Wiriamu, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, disse que era “dia de pedir perdão”.

No entanto, apesar da maior consciencialização, há quem se oponha aos pedidos de desculpas. Em declarações à CNN Portugal, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, afirma que “Portugal não tem de pedir desculpa de coisa nenhuma”.

“A história é um contínuo, deve ser lida no seu tempo, é feita de episódios bons e episódios maus”, justifica Melo. “É um esforço muito impressionante — o politicamente correto — que vai atrás daquilo que é simpático e é da moda. É iminentemente político, é uma forma de comprarem a agenda do momento, tem a ver com votos”.

Nuno Melo considera que “não faz nenhum sentido” visto que Portugal “deu tanto e levou tanto” destes territórios ultramarinos. Aliás, argumenta que, se é para fazer pedidos de desculpas, “então temos de começar pelo Império Romano, não?”.

O líder do CDS também aborda a questão da devolução de obras de artes aos países de origem. O político considera que é “uma perfeita idiotice” e deixa um recado a França.

“França já devolveu? Pode começar pelas várias invasões napoleónicas. Mosteiro de Alcobaça, por exemplo. Até ao norte do país posso encontrar vários monumentos e casas das quais foram saqueados bens inestimáveis, do nosso património, que nunca foram devolvidos”, atirou.

ZAP //

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