O desconfinamento vai avançar mais cedo do que sugeriam os especialistas e do que queria Marcelo Rebelo de Sousa. Mas António Costa assume o risco.
O plano de desconfinamento foi apresentado esta quinta-feira pelo primeiro-ministro e, segundo o Expresso, vai mais longe do que o previsto. A partir de segunda-feira, abrem as creches, o pré-escolar e as escolas primárias, o comércio ao postigo e alguns serviços como cabeleireiros, manicures, livrarias, bibliotecas e arquivos.
O Presidente queria mais cautela antes da Páscoa e os peritos não aconselharam a abertura do 1.º ciclo nesta primeira fase. Em relação às escolas, Costa assume a responsabilidade de ir mais longe e, não só avança com a abertura do 1.º ciclo já na segunda-feira, como “acelera” a abertura dos 2.º e 3.º ciclos a partir de 5 de abril, e ensino secundário e superior a partir de 19 de abril.
Além disso, o plano também vai mais longe na abertura de comércio ao postigo e alguns serviços, acelerando o desconfinamento. “Não acho que vamos depressa demais”, disse Costa na conferência de imprensa, apesar de admitir que a vacinação continua a ser insuficiente para contar como indicador de desconfinamento.
Ainda assim, o primeiro-ministro considera que o plano é “moderno” e, apesar de arriscar mais do que lhe tinha sido proposto pelos peritos, explica que a análise dos cientistas teve de ser complementada com outros fatores pelo Governo – referindo-se a pressões económicas e de saúde e bem-estar mental e psicológico.
Já em relação ao facto de a estratégia do plano ser desconfinar em termos nacionais mas travar em âmbito regional, Costa afirmou que vai seguir o conselho dos peritos: se um concelho estiver a dar sinais de agravamento, age sobre os concelhos limítrofes.
Até à Páscoa, e enquanto durar o estado de emergência, a opção é a de manter todo o país com as mesmas medidas.
Costa acelera lei que lhe dá travão
António Costa já pôs em marcha uma lei especial para gerir os meses de desconfinamento e libertar o país de consecutivos estados de emergência. A lei vai desanuviar o primeiro-ministro da espera de 15 dias para aplicar medidas.
O Expresso escreve que a expectativa do Presidente da República era a de que a lei fosse alterada antes do verão, mas nunca sem um amplo consenso que parece estar longe de existir. Mas o primeiro-ministro acelerou o processo esta semana.
Com a lei, o objetivo é o Governo ter cobro legal para pôr travões cirúrgicos quando o estado de emergência já não estiver em vigor, sendo certo que deverá haver pelo menos mais uma renovação no final de março.
O PSD não pareceu opor-se. Rui Rio disse até reconhecer “que era mais prático se tivéssemos uma lei para este tipo de situações sem a necessidade de andarmos de 15 em 15 dias a votar um decreto”. No entanto, o mesmo não acontece com o BE e o PCP.
Ao semanário, fonte bloquista disse que uma lei “enquadradora não levanta qualquer problema de princípio, mas não se pode confundir com os mecanismos previstos no estado de emergência nem deve substituir-se à decisão política sobre os apoios que devem acompanhar as restrições”.
Já o PCP afirmou que qualquer lei que queira restringir direitos tem “de observar os limites da Constituição” e que “as medidas necessárias ao designado desconfinamento não necessitam de novos enquadramentos legislativos, necessitam sim de medidas de concretização”.
Crispação com Marcelo
Esta quinta-feira pelas 19h, ainda decorria o Conselho de Ministros quando embarcou para Roma, Marcelo Rebelo de Sousa disse ao Expresso: “Não posso comentar uma decisão que ainda não conheço“.
Ao contrário do que o Presidente defendeu em público há 15 dias, o Governo decidiu começar a abrir o país antes da Páscoa, admitindo que pode ter de voltar atrás se for preciso. Costa tentou contornar as perguntas relacionadas com a crispação entre PM e PR, mas parece claro que Marcelo não ficou contente com o plano final.
Quando jantou com Costa na quarta-feira, Marcelo ficou preocupado com o grau de incerteza que ainda existia no plano e aconselhou o governante a resistir a pressões, nomeadamente no que toca ao comércio.
No site da Presidência, Marcelo limitou-se a publicar o decreto que renova por mais 15 dias o estado de emergência. Esta quinta-feira, não falou ao país e deixou Costa sozinho – oficialmente, a justificação para o silêncio é que, estando ainda a decorrer o Conselho de Ministros quando embarcou, não faria sentido falar de um plano que desconhecia.
A ver se se responsabiliza mesmo…
O Marcelo queria tanta cautela que assim que assinou mais um despacho de confinamento geral até dia 31 de Março foi logo passear a ver o Papa e depois vais passear até Madrid encontrar-se com o Rei Filipe.. Tenha vergonha nessa cara!! Alem de que as escolas nem sequer deveriam começar.. O Governo gastou milhões a dar computadrozinhos aos meninos para aulas a distancia e agora os papás usam para o facebook e instagram.. Não adianta nada este ano abrirem os depósitos de crianças, sim porque muitos pais não querem saber se há ou não aulas.. querem é depositar lá os garotos quem quiser que cuide deles.. Tinham aberto mas era a economia primeiro e as escolas voltavam depois das férias de verão.. Assim sim!
Mais um, dos milhões de especialistas “de Facebook” perdidos na Internet!…
Pedro Faria, estou plenamente de acordo, em primeiro lugar a economia e depois as escolas.
Esta pressão feitas pelas associações de Pais para que as escolas iniciassem o mais rápido possivel, são feitas pelos Pais que não querem aturar os filhos e os depositam na escola para os outros tratarem deles, assim têm tempo para andar a passear.
Este plano do Governo não tem ponta por onde se pegue, é mais do mesmo, não vemos nada de novo, nem coerência tem, quando viram isto apertado, o 1º ministro e o Presidente, disseram que aprenderam e não voltavam a cometer os mesmos erros, mas pelos vistos foi só conversa para nos acalmar.
Mandam as empresas promover o teletrabalho e depois em Maio já pode haver concertos ao fim de semana com metade da lotação, ou seja durante a semana podemos contrair o virus, e temos de estar em casa, e ao fim de semana está tudo bem, podemos curtir… entre outras medidas, que não resultaram anteriormente e continuam a insistir nelas, como o fecho do comércio ao fds as 13h, são mesmo espelho de alguém que não sabe o que anda a fazer. Não tarda estamos a voltar a confinar com a 4ª vaga, depois quero ver a desculpa que vão dar, espero que nessa altura tenham vergonha na cara e se demitam os dois. Cambada de palhaços sem vergonha e sem coerência, hoje dizem uma coisa, amanhã dizem outra. Mal empregue o tempo que perdemos a votar nesta cambada. Espero que esteja enganado, mas duvido.
Pedro Faria e MS, quanto ao que dizem dos pais quererem depositar os filhos na escola para andarem a pessear…..falem por vocês…..de certeza que não tem filhos
Pedro Faria e MS, certamente não têm filhos! Porque se soubessem o que é estar estas semanas todas fechados com mais que uma criança em idade escolar e pré escolar e a fazer teletrabalho e em simultâneo com o acompanhamento das aulas e dos trabalhos escolares, certamente desejavam a abertura das escolas. Já para nem falar do desgaste psicológico principalmente nas crianças.
Tenham é juízo e cumpram as normas porque infelizmente já se viu que no ponto onde agora estamos os números já não descem mais nem que estivéssemos confinados até ao final do ano.
Eu tenho sete filhos, e considero que é um perigo enviá-los para a escola, tendo em conta que a situação não se encontra regularizada. Toda a gente sabe que a DGS anda a martelar os números, a pedido do Governo de ladrões que temos.
Em perigo estão esses 7 filhos, com uma mãe assim!…