Descoberto o maior genoma de sempre. É de uma planta

Oriane Hidalgo/ The New York Times

O genoma de um pequeno feto é 50 vezes maior do que o do humano. A planta contém 160 mil milhões de pares de bases, as unidades que compõem uma cadeia de ADN.

Segundo a Nature, a planta Tmesipteris oblanceolata contém 160 mil milhões de pares de bases, cerca de 11 milhões mais do que o anterior detentor do recorde, a angiospérmica Paris japonica, e mais 30 milhões do que o Protopterus aethiopicus, um peixe pulmonado que tem o maior genoma animal.

Num novo estudo, publicado recentemente no iScience, os cientistas descobriram que o genoma desta planta ultrapassa o humano em mais de 50 vezes. O campeão genómico é originário da Nova Caledónia e dos arquipélagos vizinhos do Pacífico Sul.

O seu grande número de pares de bases levanta questões sobre a forma como a planta gere o seu material genético, uma vez que apenas uma pequena parte do seu ADN é constituída por genes codificadores de proteínas.

O maior genoma até agora sequenciado é o do Viscum album, com cerca de 90 mil milhões de pares de bases — mas as técnicas modernas podem não ser suficientes para fazer o mesmo com o genoma deste feto.

Em contrapartida, mesmo que seja sequenciado, há ainda o desafio computacional de analisar os dados e juntá-los de uma forma que reflita biologicamente o que se está a passar.

A descoberta de formas de analisar grandes genomas poderá produzir conhecimentos cruciais sobre a forma como o tamanho do genoma influencia o local onde os seus organismos podem crescer, a forma como são capazes de prosperar nos seus habitats e a sua resistência às alterações climáticas, independentemente da sua sequência específica de ADN.

“Com base em estudos anteriores, previmos a existência de genomas gigantes em Tmesipteris. Assim, a descoberta do maior genoma não é apenas um feito de exploração científica, mas o resultado de uma viagem de quase catorze anos à complexidade e diversidade sem limites dos genomas das plantas”, diz o botânico e o autor principal do estudo Jaume Pellicer.

Os cientistas suspeitam que uma combinação de ADN semelhante a um vírus e de genomas multiplicados é responsável pela enorme quantidade de material genético na Tmesipteris oblanceolata, mas não sabem o motivo de ter um genoma recorde.

É possível que os animais e as plantas possam desenvolver genomas gigantes em ambientes especiais, como em climas estáveis onde há pouca competição.

Soraia Ferreira, ZAP //

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