Descobertas três casas ancestrais no “Stonehenge alemão”

Michael Deutsch / Wikipedia

Ringheiligtum Pömmelte, o “Stonehenge alemão”

No local do santuário circular de Pömmelte, no estado da Saxónia-Anhalt, na Alemanha, os arqueólogos passaram os últimos seis anos a desenterrar os restos de uma povoação que foi continuamente ocupada no terceiro milénio a.C. no local — que é chamado o “Stonehenge alemão”.

Escavações arqueológicas em grande escala realizadas entre 2018 e 2022 forneceram evidências impressionantes da forma como as pessoas viviam no Ringheiligtum Pömmelte, ou santuário circular de Pömmelte, no terceiro milénio a.C.

Novas evidências agora recolhidas, que foram apresentados num artigo recentemente publicado na PLOS One, permitiram aos investigadores reconstituir também o que as pessoas comiam e bebiam no local, e traçar detalhes dos seus hábitos culturais.

A forma caraterística do santuário religioso fez com que fosse apelidado de “Stonehenge alemão“, e as descobertas até agora realizadas tinham já deixado claro que os monumentos deste sítio arqueológico funcionavam como centro cultural de uma próspera comunidade pré-histórica.

Durante as recentes escavações no Ringheiligtum Pömmelte, a equipa de arqueólogos identificou os contornos de três casas anteriormente não descobertas, localizadas a norte do santuário.

Estas casas terão sido construídas por povos da cultura Bell Beaker, que ocuparam a região entre 2450 e 2250 a.C., explica uma nota de imprensa do Gabinete Estatal para a Preservação de Monumentos e Arqueologia da Saxónia-Anhalt / Museu Estatal de Pré-Históriada Alemanha.

Em escavações anteriores, tinham sido encontrados contornos de nove casas, a sul, leste e oeste do santuário circular, que mostravam que, por volta de 2.300 a.C., o local era habitado.

As habitações agora descobertas são menos numerosas, mas, explica a nota de imprensa, a sua descoberta “ajuda a completar o quadro e a captar totalmente a paisagem ritual e de povoamento do terceiro milénio a.C.”.

Segundo os investigadores, com um total de 12 grandes estruturas residenciais espalhadas por uma área de cerca de 3,9 hectares, a cultura Bell Beaker estabeleceu um assentamento seguro e considerável em torno do local do santuário.

A. Leneke / Landesamt für Denkmalpflege und Archäologie Sachsen-Anhalt

Contornos da maior das três casas recentemente descobertas da cultura Bell Beaker (entre 2.450 e 2.250 a.C.), com o santuário circular ao fundo, voltado para oeste

Durante as escavações mais recentes, os arqueólogos encontraram os restos de um pequeno santuário retangular e várias fossas, que continham fragmentos de dois recipientes, um machado partido e lâminas de sílex.

Nestas fossas foram também encontrados vestígios dos grãos, bem preservados, apesar da imensa passagem do tempo, que foram identificados como trigo, cevada e espelta.

O Ringheiligtum Pömmelte é chamado de “Stonehenge alemão” em parte devido à sua forma circular. Mas, tal como Stonehenge, Pömmelte também foi utilizado para rituais e cerimónias relacionadas com a espiritualidade e a observação astronómica no Neolítico Final e no início da Idade do Bronze, entre 3000 e 2000 a.C.

Localizada perto da cidade de Barby, junto ao rio Elba, a instalação apresenta sete círculos concêntricos construídos com precisão, feitos de paliçadas, valas e margens elevadas, todos eles com buracos escavados para a colocação de postes de madeira.

Os postes originais desapareceram quando o local foi escavado pela primeira vez pelos arqueólogos, mas foram instalados novos postes para ajudar a recriar o local tal como seria há 4500 anos.

Não existe literatura escrita que descreva em pormenor as crenças e práticas das pessoas da época, pelo que os investigadores estão limitados nas conclusões que podem tirar sobre a forma como os residentes da zona prestavam culto nesta era há muito desaparecida.

Mas as evidências recolhidas nas diferentes escavações realizadas mostram com clareza que este era um local religioso importante.

ZAP //

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