Alarmes soam com descoberta de novo coronavírus no morcego-pipistrelle japonês

Maximilian Ruther / Pexels

Morcego-pipistrelle japonês (Pipistrellus abramus).

Morcego-pipistrelle japonês (Pipistrellus abramus).

Foi descoberto um novo coronavírus de morcego com potencial para infectar os humanos, que é semelhante ao que causou a pandemia de Covid-19.

Baptizado como HKU5-CoV-2, este novo coronavírus foi descoberto por uma equipa de investigação chinesa liderada pela virologista Shi Zhengli, que é conhecida como a “Batwoman” pelo seu trabalho nesta área.

O HKU5-CoV-2 foi identificado pela primeira vez no morcego-pipistrelle japonês (Pipistrellus abramus) em Hong Kong. É um coronavírus que pertence ao grupo dos merbecovírus, que inclui também o MERS-CoV que causa a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS).

Trata-se de uma variação genética dentro do género merbecovírus, sendo considerado um sub-tipo dentro da diversificada família dos coronavírus.

Há centenas de coronavírus, mas só alguns têm potencial para infectar os humanos, nomeadamente o SARS e o SARS-CoV-2, que provocam a doença conhecida como Covid-19.

“Os merbecovírus de morcegos, que estão filogeneticamente relacionados com o MERS-CoV, apresentam um elevado risco de transmissão aos humanos, seja por transmissão directa ou facilitada por hospedeiros intermediários”, aponta o estudo publicado no jornal científico Cell.

HKU5-CoV-2 infecta células humanas da mesma forma que o SARS-CoV-2

Na pesquisa realizada, foi possível apurar que o HKU5-CoV-2 usa a enzima ACE2 para infectar as células humanas, tal como acontece com o SARS-CoV-2, como sublinham os cientistas do Instituto de Virologia de Wuhan, do Laboratório de Guangzhou e da Academia de Ciências de Guangzhou.

Os investigadores chegaram a esta conclusão através do uso de um microscópio potente, que conseguiu detectar o HKU5-CoV-2 a infectar culturas de células humanas em modelos de mini-órgãos humanos utilizados em laboratório.

Até agora, não foram relatados casos de infecção humana pelo HKU5-CoV-2, mas os cientistas alertam para a possibilidade de transmissão de animais para pessoas. Contudo, notam que o potencial de transmissão “ainda tem de ser investigado”.

Para já, os investigadores acreditam que a eficiência de infecção é menor do que no caso do SARS-CoV-2.

Nesta altura, é prematuro antecipar uma nova pandemia causada pelo HKU5-CoV-2, mas os cientistas estão a monitorizar de perto este novo coronavírus, bem como outros vírus, para garantir a preparação e uma resposta rápida perante possíveis surtos.

Susana Valente, ZAP //

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