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“É um desastre humano”. Número de hospitalizações por covid-19 bate recorde nos EUA e já falta oxigénio em Los Angeles

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Alejandro Garcia / EPA

Os Estados Unidos entraram no novo ano com um número recorde (e preocupante) de americanos hospitalizados com covid-19, sobrecarregando o sistema de saúde. São já mais de 131 mil os internados.

Os dados são de terça-feira e sugerem um cenário de rutura em alguns hospitais norte-americanos. Em Los Angeles, conta o Washington Post, o oxigénio já começa a escassear: as equipas médicas nas ambulâncias foram instruídas para o dosear, usando-o apenas nos doentes em pior estado ou, em caso de haver pouca probabilidade de sobrevivência, para não levarem os doentes para o hospital, tratando e declarando o óbito no local, para evitar a saturação.

“Esta ordem, emitida pelos serviços médicos de emergência do condado, é muito específica para pacientes que sofreram uma paragem cardíaca e que não podem ser reanimados no local”, disse Jeffrey Smith, diretor operacional do Cedars-Sinai Medical Center, em declarações à CNN.

“Esses pacientes têm uma taxa de sobrevivência muito baixa se forem transportados para o hospital. Portanto, neste momento, é considerado inútil“, acrescentou.

Além disso, vários hospitais daquela cidade – que tem quase 7900 doentes hospitalizados com covid-19, dos quais 21% estão nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) – têm mesmo rejeitado ambulâncias.

“Os hospitais estão a declarar desastres internos e tiveram de abrir igrejas e ginásios para servirem de unidades hospitalares. Os nossos trabalhadores de saúde estão física e mentalmente exaustos e doentes. [É um] desastre humano”, disse Hilda Solis, supervisora do condado de Los Angeles, à CNN.

Mas, de acordo com o Washington Post, é o Arizona que tem, agora, a maior taxa de hospitalizações pelo novo coronavírus do país. Na área de Atlanta, quase todos os grandes hospitais estão praticamente lotados, o que levou as autoridades estaduais à abertura de hospitais de campanha pela terceira vez durante esta crise sanitária.

“Temos tantas crises a acontecer ao mesmo tempo, em várias frentes… E todos os sinais indicam que as coisas vão ficar muito piores antes de melhorarem”, disse Saskia Popescu, epidemiologista da George Mason University, em declarações à mesma publicação norte-americana.

O período consecutivo das festas de Natal e de Ano Novo pode ter um impacto catastrófico, tendo em conta que os sintomas de covid-19 podem surgir apenas cinco a sete dias após o contágio, sendo que nas primeiras 48 horas, quando ainda nem há sintomas, há uma forte probabilidade de infetar outros contactos próximos. Isso significa que alguém que foi exposto ao vírus no Natal pode ter sido contagioso no momento em que compareceu a uma festa de Ano Novo ou em que regressou a casa.

Por outro lado, a situação nos Estados Unidos está também dependente da circulação da nova variante do vírus – que os cientistas acreditam ser mais contagiosa, mas não mortal ou resistente à vacina.

Com estimativas de que a nova estirpe poderá ser entre 10 a 70% mais transmissível, os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças disseram num comunicado que “poderia levar a mais casos e provocar uma maior procura nos já limitados recursos de saúde“.

As mortes diárias e o número de casos aumentaram mais de 20% desde a semana passada, para um total de mais de 355 mil mortes e 21 milhões de infeções, e os estados com as maiores percentagens de pessoas hospitalizadas são: Arizona, Nevada, Alabama, Califórnia, Geórgia, Tennessee, Oklahoma, Mississippi, Texas e Delaware.

A situação na Califórnia tornou-se especialmente má nos últimos dias. Na terça-feira, o estado bateu um novo recorde de hospitalizações num só dia, com 22.405 pacientes infetados com covid-19, mais de 4.700 dos quais em UCI.

Funcionários de hospitais do sul da Califórnia disseram que estão a ficar sem camas nas UCI, mas também sem ventiladores, nem espaço na morgue.

Além disso, a maioria dos pacientes hospitalizados precisa de oxigénio, que está cada vez mais escasso – alguns hospitais não têm capacidade para fornecer fluxo nem pressão de ar adequadas aos pulmões dos pacientes, há poucos tanques portáteis de oxigénio nas ambulâncias e é difícil dar alta a alguns pacientes para libertar camas de hospital, porque não existem garrafas portáteis para esse efeito.

O otimismo que veio com as novas vacinas (e com o novo ano) está a chocar com a dura realidade: os Estados Unidos estão a atravessar a pior fase desde que a pandemia começou, com os resultados relativos à época festiva ainda por avaliar.

A distribuição de vacinas teve também um início lento, com cerca de 4,6 milhões de vacinados, muito aquém dos 20 milhões que a administração Trump prometeu vacinar até o final de 2020.

Os Estados Unidos, que terão novo Presidente a partir de 20 de janeiro, são o país com mais casos positivos (21.036.174) e com mais vítimas mortais (357.067) até ao momento.

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

2 Comments

  1. Compraram muitas armas para além das que já tinham assim que o vírus apareceu, mas este borrifou-se para tal ameaça e continua a fazer das suas.

  2. Este assassino Trump,devia de ser julgado por tribunal internacional por todas as mortes que causou no país por ser teimoso.Já agora não esquecer o ”Trump” do Brasil pois é outro assassino.

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