Um político da Coreia do Sul sugeriu que professora universitária e primeira mulher a assumir a chefia da Comissão Nacional do Comércio não estava a “cumprir o seu dever para com a nação”.
Jeong Kab-yoon, membro do partido conservador Liberty Korea, gerou uma onda de indignação depois de sugerir à professora universitária de economia, Joh Sung-wook, que esta se tinha concentrado na sua carreira profissional sem ter em consideração a taxa de natalidade do país.
“Estou ciente de que ainda é solteira e o maior problema na Coreia do Sul é que as mulheres não estão a conceber crianças”, disse Jeong a Joh durante a comemoração da confirmação ao cargo, este domingo. “(Joh) tem um ótimo currículo, mas por favor cumpra com as suas obrigações“, acrescentou.
Joh, uma professora da Universidade Nacional de Seul e a primeira mulher indicada para o cargo, sorriu em resposta, mas não disse nada. Contudo, as redes sociais acusaram Jeong de violar os direitos da professora e, uma pessoa questionou: “Esta pergunta teria sido feita se o candidato fosse do sexo masculino?”.
Deputadas do partido Democratic Party of Korea disseram ao The Korea Times que Jeong não devia pertencer à Assembleia Nacional, dizendo que este “aparenta acreditar que mulheres a parir e a cuidar de crianças é a única maneira de contribuir com o país“.
Acrescentaram ainda que Jeong Kab-yoon não tem condições para ser um deputado responsável pela elaboração de leis na sociedade atual.
A Coreia do Sul tem uma das taxas de natalidade mais baixas do mundo, tendo registado o valor recorde de 0.98 nascimentos por mulher em 2018 — menos de um bebé. O número expectável para que se mantenha uma população estável é de 2.1.
O governo sul-coreano encoraja os casais a terem filhos investindo mais de mil milhões de dólares em subsídios para o período de gestação e serviços de creche. No entanto, muitas mulheres dizem estar relutantes em ter filhos, devido ao elevado custo de criar famílias e à cultura laboral conservadora que dificulta os pais de crianças pequenas equilibrar os seus trabalhos com a vida familiar.
Segundo o The Guardian, Jeong pediu depois desculpa pelas suas declarações, alegando que só queria destacar a crise demográfica do país e que não pretendia insultar Joh.