Pedro Rodrigues, deputado social-democrata e antigo líder da JSD, assumiu publicamente, através do Facebook, ter um problema de alcoolismo.
Num texto publicado no Facebook, o social-democrata explica que faz esta revelação por estar a ser vítima de “ataques pessoais inaceitáveis” depois de ter encabeçado uma proposta de referendo à eutanásia contra a vontade da direção do PSD, o que provocou uma espécie de “rebelião” na bancada.
“Sim, tenho um problema de alcoolismo. É um tema que apenas diz respeito à minha intimidade e à minha família. Tenho vivido esse tema com o firme apoio da minha mulher e da minha família. Decidi hoje assumi-lo porque além do sofrimento pessoal em que estou mergulhado tenho sofrido ataques pessoais inaceitáveis. A ideia de que não posso assumir uma posição política de princípio, porque alguém considera que não sou capaz é algo que me repugna profundamente”, escreveu o ex-líder do PSD naquela rede social.
A terminar, Pedro Rodrigues explica porque não participou no debate desta quinta-feira e pede desculpa por isso. “Não estarei hoje na Assembleia da República como devia. Peço desculpa aos que acreditam em mim. Mas não consigo fazê-lo… Estarei junto dos meus sempre… Mas jamais deixarei de lutar intransigentemente por aquilo em que acredito…”.
Entre terça e quarta-feira, Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD, divulgou uma nota aos jornalistas assegurando que era o primeiro subscritor de um movimento de alguns deputados do PSD no sentido de avançarem com uma iniciativa legislativa para propor um referendo à eutanásia.
De acordo com o Observador, a direção da bancada social-democrata não gostou, uma vez que o entendimento que vem de cima é o de que o referendo não é uma questão que se coloque “agora”, pelo que o vice-presidente Adão Silva apressou-se a dizer que não iria dar seguimento a tal proposta, se ela se confirmasse.
Depois de Pedro Rodrigues ter avançado com os nomes de alguns deputados do PSD que também seriam subscritores dessa petição (Alberto Machado, Cristóvão Norte, Carlos Silva, Pedro Pinto ou Pedro Alves), quatro desses deputados vieram dizer que o seu nome tinha sido usado “de forma abusiva” e que, apesar de defenderem um referendo, não o queriam fazer “à revelia” da direção da bancada e do partido.
Pedro Pinto, conhecido crítico de Rui Rio, deu mais gás à iniciativa, afirmando na quarta-feira à tarde que não era por Rui Rio não querer iniciar já a discussão sobre o referendo que ela não deve ser iniciada.
Os mesmos deputados que julgam que este senhor não tem condições para “assumir uma posição política de princípio” por causa do seu problema com o álcool são os mesmos que defendem que uma pessoa com uma doença que lhe causa um sofrimento extremo, mesmo que seja psicológico, pode tomar a decisão de ser eutanasiado. Ou seja, a pessoa tem o direito à autodeterminação para escolher a hora e a forma de morrer, mas não tem o direito de se autodeterminar quanto às suas convicções durante a sua vida.
Muitas pessoas defendem a pena de morte, outras tantas defendem que ninguém tem o direito de tirar a vida.
Não deixa de ser irónico.