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Aos 95 anos, Friedrich Karl Berger foi deportado dos EUA por ter sido guarda em campo nazi

Department of Justice

Friedrich Karl Berger

Friedrich Karl Berger, de 95 anos, foi deportado dos EUA para a Alemanha depois das autoridades terem descoberto que tinha sido guarda num campo de concentração nazi durante o período da Segunda Guerra Mundial.

O homem, que até então morava no estado americano do Tennessee, foi deportado “por participar em atos de perseguição impulsionados pelos nazis” enquanto trabalhava como guarda num campo de concentração em 1945, avançou o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) na sexta-feira.

O procurador-geral Monty Wilkinson disse num comunicado enviado à CBS News que a deportação de Berger dos EUA demonstra o “compromisso do Departamento em garantir que os Estados Unidos não sejam um porto seguro para aqueles que participaram em crimes nazis contra a humanidade ou outros abusos dos direitos humanos”.

“No ano em que assinalamos o 75.º aniversário das condenações de Nuremberga, este caso mostra que o facto de já ter passado muito tempo não impede o Departamento de fazer justiça em nome das vítimas destes crimes”, sublinhou Wilkinson.

De acordo com o Departamento de Justiça, Berger não é a primeira pessoa a ser deportada por estas razões. Já 69 pessoas tinham sido expulsas dos EUA após se descobrir as suas ligações a crimes nazis.

No caso de Berger, um julgamento em 2020 acabou por ser o ponto-chave para que o seu passado dosse desvendado. As autoridades norte-americanas descobriram Berger tinha prestado serviços ao regime nazi num sub-campo de Neuengamme, perto de Meppen, na Alemanha.

Na altura, o juiz revelou que os prisioneiros de Meppen, muitos dos quais eram judeus, russos, holandeses e polacos, foram mantidos no campo durante o inverno de 1945 e que as condições eram “horríveis”, uma vez que os prisioneiros eram forçados a trabalhar ao ar livre “até ao ponto de exaustão e, consequentemente, até à morte”, citou o DOJ.

Segundo a Fundação de Memoriais e Centros de Aprendizagem de Hamburgo, os prisioneiros deste campo foram forçados a construir um chamado “muro friesen” para proteger a costa norte da Alemanha.

No dia em que o campo foi evacuado, em março de 1945. estavam presas no local cerca de 1.773 pessoas. Nessa altura, Friedrich Karl Berger trabalhou no campo até essa altura e admitiu, durante o julgamento, que prendeu várias pessoas e as impediu de fugir.

Até hoje, revela o DOJ, Berger recebe uma pensão da Alemanha por ter prestado ao país “serviço de guerra”.

O Diretor de Imigração e Fiscalização Alfandegária dos EUA (ICE), Tae Johnson, afirma que o Departamento “nunca irá parar de perseguir aqueles que perseguem outros”.

“Este caso exemplifica a dedicação inabalável do ICE e do Departamento de Justiça em fazer justiça e prender todos aqueles que participaram de uma das maiores atrocidades da história. Não importa quanto tempo isso irá demorar”, rematou Johnson.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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