Depois das críticas de Marcelo, o contra-ataque de Costa. “Noutras funções fala-se, fala-se”

Miguel A. Lopes/LUSA

António Costa e Ana Catarina Mendes no Parlamento

Primeiro-ministro foi frequentemente questionado sobre as medidas do programa Mais Habitação.

Marcelo Rebelo de Sousa não tem escondido as suas reticências quanto ao programa proposto pelo Governo para solucionar alguns dos problemas que se registam no setor da habitação. Recentemente, o Presidente da República referiu-se a algumas propostas que constam do Mais Habitação como “medidas-cartaz“, colocando em causa a sua exequibilidade.

Perante as críticas, António Costa respondeu ontem à Iniciativa Liberal, lembrando que gosta de funções executivas porque “nas outras funções fala-se, fala-se, fala-se“, ao passo que no Executivo “ou se faz ou não se faz”.

A declaração surgiu no âmbito de uma pergunta sobre o estado dos cuidados de saúde em Portugal e a época de incêndios que este ano se prevê mais perigosa, como consequência do risco de incêndio mais elevado, um fator que se junta às alterações climáticas.

“A reforma que fizemos em 2018 fez com que tivéssemos menos incêndios de 2020 a 2022. Mas isto não nos deve orgulhar, devemos ter consciência que a política não controla tudo e há contingências que ultrapassam a política“.

Quanto à saúde, o primeiro-ministro lembrou que “há aumento nas consultas e cirurgias“, lembrando que “o resto é conversa fiada”.

Mesmo assim, a oposição não deixou cair o tema da habitação, com Carlos Guimarães Pinto a acusar António Costa de se ter arrependido das medidas anunciadas no âmbito do Mais Habitação e, consequentemente, ter transferido responsabilidades para as autarquias, nomeadamente no âmbito do arrendamento coercivo.

“Agora, afirma que a medida [do arrendamento coercivo] já existia”, atirou o deputado liberal. “Se já existia, então anunciou o quê?”

Mas os recados a Marcelo Rebelo de Sousa não se ficaram por aqui, numa resposta a Eurico Brilhante Dias, líder da bancada do PS, o primeiro-ministro regressou à metáfora dos melões, usada pelo Presidente da República para descrever igualmente o programa Mais Habitação devido ao seu resultado imprevisível.

“Não vou falar de melões por abrir ou já abertos. Digo que a estabilidade é um valor e que o diálogo social e institucional é crítico num momento em que o país vive as dificuldades da guerra e da inflação.”