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Deixem pensar o Centeno. “Por teu livre pensamento foram-te longe encerrar”

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André Kosters / Lusa

O ministro das Finanças, Mário Centeno

Governador citou versos do poema Abandono de David Mourão-Ferreira na abertura da conferência ‘A Banca do Futuro’, esta quinta-feira, não fazendo, contudo, uma ligação destes com a recente polémica política.

O governador do Banco de Portugal disse esta quinta-feira que o país vive um momento de reflexão, citando versos de David Mourão-Ferreira sobre o risco de ser livre pensador. Aconselhou ainda os bancos a usarem os lucros “merecidos” para prepararem o futuro.

Na abertura da conferência ‘A Banca do Futuro’, organizada pelo Jornal de Negócios e pela Claranet, Mário Centeno disse que este encontro acontece num “num momento em que o país é incitado a refletir, a pensar, não é apenas o governdor do Banco de Portugal convidado a refletir”.

O governador citou versos do poema Abandono de David Mourão-Ferreira, que disse ter lembrado na quarta-feira à noite quando preparava a sua intervenção de hoje de manhã.

Por teu livre pensamento/Foram-te longe encerrar/Tão longe que o meu lamento/Não te consegue alcançar, disse Centeno, não fazendo, contudo, uma ligação destes com a recente polémica política em que esteve envolvido, por o seu nome ter sido sugerido por António Costa para lhe suceder como primeiro-ministro, mas com o setor financeiro.

 

“Foi com livre pensamento que, na verdade, atingimos a estabilidade financeira de que hoje a banca desfruta”, acrescentou.

À saída da conferência, Centeno não falou aos jornalistas, após dar o dito por não dito, ao salientar que não foi convidado por Marcelo, mas apenas por Costa.

Transformação “extraordinária” da banca (mas os próximos anos serão desafiantes)

Centeno considerou que o recente “processo de transformação da banca portuguesa foi extraordinário” com redução de ativo, redução de malparado, reforço dos capitais e melhoria da rentabilidade.

Segundo o governador, os atuais “resultados são merecidos”, mas também “são cíclicos e têm de ser usados para preparar o futuro”.

“O que mais desejo para banca é que adote políticas prudentes de constituição de imparidades e capital. Neste momento em que muitos olham para os resultados e acham extraordinários e excessivos, estes resultados têm uma dimensão excessiva e felizmente a banca tem respondido ao desafio de remuneração das poupanças, de atenção aos clientes, há dezenas de milhares créditos renegociados”, afirmou.

Já a semana passada, num almoço no American Club of Lisbon, o ex-ministro das Finanças (de Governos PS de António Costa) disse que a economia vive de ciclos negativos e positivos e que os lucros atuais dos bancos são resultado também do ciclo positivo e que estes devem pôr de lado parte dos lucros para prevenir períodos negativos no futuro.

Centeno elogiou ainda a economia portuguesa, sobretudo a melhoria das finanças públicas e o mercado de trabalho, considerando que na zona euro a força do emprego é o “resultado da excelência da resposta das políticas públicas” durante a crise pandémica.

Sobre o futuro, considerou que os próximos anos serão desafiantes, também devido ao contexto externo.

Quanto à subida significativa das taxas de juro, disse que “desejavelmente não vão voltar a zero”, mas que espera que desçam para um intervalo entre 2% e 2,5%, compatível com uma taxa de inflação de 2% a médio prazo.

“Para lá chegarmos, para fazermos esta normalização [da política monetária] e responder à inflação, foi necessário subir as taxas diretoras do Banco Central Europeu”, disse.

ZAP // Lusa

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1 Comment

  1. O Centeno é pensador, pensa com tanta virtude, que um dia ‘inda há de ser, o ministro da saúde….ser da direita ou da esquerda ou ser de baixo ou de cima, leva sempre á mesma m… que neste país se anima.

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