Defesa de Salgado inspira-se em caso de russo “meio surdo” que terá incendiado a casa da mãe

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Tiago Petinga / LUSA

Ricardo Salgado à chegada do tribunal

O caso do russo Firdavis Favizovich Timergaliyev foi condenado internacionalmente por não ter sido feita uma perícia à sua surdez. A defesa de Salgado pondera recorrer a instâncias europeias após o tribunal português recusar fazer uma perícia ao ex-banqueiro.

A defesa do ex-banqueiro Ricardo Salgado tem feito alusões curiosas à Rússia desde o arranque do julgamento do caso BES, que começou na terça-feira.

A mais recente foi feita após uma curta sessão de julgamento, com o advogado de Salgado, Francisco Proença de Carvalho, a afirmar que a presença do ex-banqueiro, diagnosticado com Alzheimer, no tribunal era uma “vergonha mundial” e que “talvez na Rússia fosse uma coisa apreciada”.

A defesa de Salgado já tinha anteriormente apresentado um requerimento ao tribunal, solicitando que a intervenção do banqueiro no processo fosse anulada, uma vez que a juíza recusou a realização de uma perícia médica. A defesa argumentou que esta recusa colocava Portugal numa situação semelhante à que levou à condenação da Rússia pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), no caso n.º 40631/02.

Este caso específico envolveu Firdavis Favizovich Timergaliyev, um homem russo acusado de incendiar o apartamento da sua mãe, resultando na sua morte e em graves lesões a outra pessoa, explica a CNN Portugal.

Durante o seu julgamento, Timergaliyev alegou que sofria de surdez e que não conseguia compreender os procedimentos, tendo solicitado repetidamente uma perícia médica e um aparelho auditivo, pedidos que foram ignorados pelas autoridades russas.

Timergaliyev foi condenado a 18 anos de prisão sem que lhe fosse garantido um julgamento justo, o que levou à condenação da Rússia pelo TEDH em 2008, por violar o artigo 6.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

A defesa de Salgado sublinha que a situação do ex-banqueiro é semelhante, apontando que, tal como no caso russo, o tribunal português recusou realizar uma perícia médica essencial antes de prosseguir com o julgamento.

Os advogados de Salgado, Adriano Squillace e Francisco Proença de Carvalho, argumentam que a persistência em não realizar a perícia coloca Portugal na mesma posição que a Rússia ocupou perante o TEDH, reforçando o argumento de que este tipo de conduta judicial pode violar os direitos do arguido.

Após o primeiro dia de julgamento, a defesa de Ricardo Salgado não descartou a possibilidade de recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, caso o processo continue sem a realização da perícia médica. Francisco Proença de Carvalho afirmou que espera evitar esta situação, mas que, se necessário, não terá outra alternativa senão avançar com uma queixa.

ZAP //

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4 Comments

  1. Uma vergonha. Se fosse eu ou qualquer outro cidadão comum, não havia Alzheimer que me safasse. Como é um milionário que roubou milhões, safa-se sempre seja lá por onde for. Daqui por uns tempos estará este senhor a gozar os milhões que roubou a todos nós numa praia paradisíaca enquanto o zé povinho terá que trabalhar até morrer porque andamos a pagar as dividas dos bancos e a segurança social não vai ter dinheiro para nos dar uma reforma digna desse nome

    • Nem mais, ponto por ponto! E até acrescento, se for comprovado o alzheimer por uma equipa médica independente, ser-lhe-ia aplicada a pena efetiva a cumprir no Júlio de Matos ou em qualquer prisão hospício, mas teria de ser encarcerado, sem qualquer redução de pena, e junto iriam todos os outros envolvidos, inclusive um ex-presidente egocêntrico que também teve o seu quinhão do bolo. Era tudo prá cadeia efetiva, no meio dos ladrões de classe baixa! Têm de penar em sítios maus e não em candeias com mordomias de hotel, são parasitas e têm de ser tratados como tal, doa a quem doer, seriam o exemplo para desmotivar os futuros aprendizes que fazem fila para serem filiados na corja.

  2. Se não for Alzheimer é outra coisa qualquer. O que importa é que um homem daquele nível nunca ponha sequer os pés num tribunal, quanto mais ser condenado. Viva Portugal o país sem lei para os mais ricos!!!

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