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Dalai Lama abre as portas à sucessão por uma mulher e regresso ao Tibete

IMs Bildarkiv / Flickr

Dalai Lama

O líder budista, Dalai Lama

O Dalai Lama, que se encontra de visita a uma região da Índia cuja soberania é reivindicada pela China – uma viagem muito criticada por Pequim – afirmou este sábado que o seu sucessor poderia ser uma mulher e reconheceu que voltará ao Tibete se receber um “sinal adequado” por parte do governo chinês.

“A possibilidade de uma Dalai Lama mulher é muito alta para os anos vindouros“, disse o líder budista em conferência de imprensa no estado de Arunachal Pradesh, no nordeste da Índia.

A sua sucessor terá que ser, no entanto, “muito atraente”, disse o Dalai Lama em jeito de brincadeira.

O líder religioso mostrou-se convencido de que reencarnará depois de morrer, mas “ninguém sabe” quando isso acontecerá, e insistiu que a China não pode decidir quem será seu sucessor, como pretende, pois isso seria um “completo disparate”.

Quanto ao seu possível regresso ao Tibete, o Prémio Nobel da Paz de 1989 pela sua luta pacífica a favor da libertação deste território não descarta a ideia, se houver uma mudança na atitude do governo chinês.

“Acredito que mais de 90% do Tibete quer que eu volte, muitos estão à minha espera. Há até milhões de chineses budistas que me querem de volta. Mas só voltarei quando houver um sinal positivo do governo chinês”, afirmou o Dalai Lama.

No segundo dia da sua visita à cidade de Tawang, próxima da fronteira com o Tibete e por onde entrou na Índia na sua fuga das tropas chinesas em 1959, o Dalai Lama defendeu que a oposição de Pequim à sua viagem é a uma “politização” dos factos.

Esta é a quinta vez que o líder religioso se desloca à região disputada dos Himalaias, que visitou pela última vez em 2009 – viagem cujo objectivo é ministrar doutrinas espirituais.

A soberania de Arunachal Pradesh é reivindicada por Índia e China desde, praticamente, a criação do Estado indiano, e foi o motivo de um breve confronto entre os dois países em 1962.

Nova Deli e Pequim mantêm rondas regulares de contactos para abordar os temas e reivindicações pendentes na sua agenda bilateral e aliviar a tensão diplomática, mas são frequentes as acusações mútuas de incursões militares na região fronteiriça.

Enquanto a Índia controla Arunachal Pradesh, província da qual a China reivindica 80 mil quilómetros quadrados, o regime comunista administra ‘de facto’ outra área disputada por ambos, Aksai Chin, na fronteira ocidental dos dois países e parte da histórica região da Caxemira.

// EFE

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