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Cruzes com nomes de pessoas assassinadas colocadas em praias da Venezuela

Lady Madonna / Flickr

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Dezenas de cruzes com nomes de pessoas assassinadas apareceram hoje nas praias da localidade venezuelana de Lecherías, Barcelona, 250 quilómetros a leste de Caracas, avançaram à Agência Lusa fonte da comunidade portuguesa local.

“Hoje é sábado de carnaval e todos os anos nesta altura há sempre muita gente nas praias de Lecherías, mas hoje isto está praticamente dezembro, com muito poucas pessoas e dezenas de cruzes com nomes de pessoas que foram assassinadas no país”, explicou à Agência Lusa uma portuguesa residente naquela localidade venezuelana. Por outro lado precisou que “há grupos de pessoas colocando barricadas nos semáforos, para impedir que quem vem de outras partes possa chegar às praias ou passar o carnaval por cá, como tradicionalmente fazem”.

Entretanto, em Caracas, vestidos de branco e com bandeiras da Venezuela nas mãos, centenas de corredores realizaram hoje uma caminhada de 10 quilómetros, para pedir o fim da violência no país. Também na capital uma caravana de opositores percorreu várias urbanizações em protesto “contra a tortura e a repressão”, um dia depois de oficiais da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) deter 41 cidadãos, entre eles oito estrangeiros e jornalistas, que se encontravam nas proximidades da Praça de Altamira (leste), onde um grupo de manifestantes tentava impedir a circulação de viaturas com barricadas na estrada.

Segundo os organizadores, na caravana participaram meio milhar de carros. Entre os detidos conta-se um cidadão português de 56 anos que foi intercetado quando chegava à sua residência e um lusodescendente, que foram levados para o Fuerte de Tiúna, a principal base militar de Caracas. Segundo o canal estatal venezuelano de televisão, os oito estrangeiros são “procurados por terrorismo internacional”. Em Macaracuay, a leste de Caracas, um grupo de cidadãos bloqueou hoje os acessos ao Centro Comercial Macaracuay Plaza, com cadeiras e grandes chapéus-de-sol.

Com um letreiro que dizia “unidos por um salário justo”, estes cidadãos queixaram-se aos jornalistas do alto custo da vida, jogaram voleibol e fizeram um churrasco coletivo. Também hoje na ilha venezuelana de Margarita (nordeste da capital) dezenas de pessoas fizeram um cordão humano na avenida 4 de Maio, em protesto pelos “mortos, torturados e detidos injustamente” durante as últimas manifestações. No protesto participou o presidente da Câmara Municipal de Porlamar, Alfredo Díaz.

Há 17 dias que se registam protestos em várias localidades da Venezuela, entre manifestações pacíficas e atos de violência que provocaram pelo menos 18 mortos, 261 feridos e mais de um milhar de detidos. Os protestos começaram a 12 de fevereiro, com uma marcha pacífica de estudantes contra a insegurança, mas intensificaram-se nesse mesmo dia, quando confrontos entre manifestantes, forças de ordens e alegados grupos armados, provocaram a morte de três pessoas. As manifestações persistem apesar de os venezuelanos terem por tradição viajar até localidades do interior do país para celebrar o carnaval.

/Lusa

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