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Especialistas em Geologia identificaram um fenómeno que faz a crosta da Terra “pingar” para o manto do nosso planeta, um efeito conhecido como “gotejamento litosférico”
Por baixo das montanhas dos Andes, na América do Sul, a crosta da Terra está a “pingar” para o interior do planeta. A descoberta consta de um novo estudo publicado na Communications Earth & Environment.
Este fenómeno acontece há milhões de anos, num processo geológico chamado gotejamento litosférico que deixou a superfície enrugada. A pesquisa ajuda-nos a saber mais sobre a atividade geológica interior noutros planetas vizinhos que não têm placas tectónicas, como Marte ou Vénus.
Quando a crosta rochosa aquece até uma certa temperatura, começa a ficar mais espessa e “pingar” para o manto e o fenómeno da formação e libertação de gotas da crosta tem efeitos na superfície em seu torno.
Isto porque a força das gotas que se formam debaixo criam uma bacia na superfície acima e porque quando a gota cai, a superfície reage ao saltar para cima.
“Devido à sua alta densidade, pingou como mel para o interior planetário e é provavelmente responsável por dois grandes eventos tectónicos nos Andes Centrais — mudando a topografia à superfície na região por milhões de quilómetros e tanto triturando como alongando a própria crosta à superfície”, revela a estudante de Geologia e autora principal do estudo, Julia Andersen.
Há ainda muitas questões sobre a resposta da superfície às pingas, especialmente no altiplano andino, visto que só há pouco é que os cientistas começaram a perceber o gotejamento litosférico, relata o Science Alert.
O altiplano em si foi formado por uma zona de subducção, onde a ponta de uma placa tectónica escorrega por baixo da ponta da placa adjacente. Isto deforma a crosta, empurrando para cima e criando montanhas.
No entanto, há provas que sugerem que a formação dos Andes não foi um processo longo e lento, mas que aconteceu em impulsos durante a era Cenozóica, o atual período geológico da Terra que começou há 66 milhões de anos.
Para além disto, o timing do levantamento da crosta não é consistente em toda a região, como se esperaria da subducção. Estudos anteriores sugeriram que o gotejamento litosférico influenciava o fenómeno, mas faltavam mais provas concretas.
Os investigadores criaram uma experiência de laboratório onde construíram modelos da crosta da Terra e do manto superior para observarem o que acontece à superfície quando a crosta começa a pingar.
Uma “semente” do gotejamento foi inserida na camada superior do manto e esta foi puxada lentamente pela gravidade, num processo que levou várias horas e que foi fotografado por uma câmara de altas resolução. As imagens da simulação foram comparadas com as características geológicas dos Andes.
“Comparamos os resultados dos nossos modelos aos estudos geofísicos e geológicos conduzidos nos Andes, em particular na Bacia de Arizaro, e concluímos que as mudanças na elevação da crosta causadas pelo gotejamento nos nossos modelos se comparam com as mudanças na elevação da Bacia de Arizaro”, remata Andersen.
Por quê nosso português é tão maltratado? Por quê não são feitas edições doa matérias?
Exemplo nesta matéria: Não é torno é entorno.