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Uma nova onda de críticos afirma que mesmo os bilionários mais generosos são maus

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Uma nova onda de críticos afirma que mesmo os bilionários mais generosos são ruins. Um artigo do Vox, divulgado no sábado, explora o exemplo de Bill e Melinda Gates, que considera como “bilionários ímpares”, analisando se as fundações de solidariedade seriam melhor geridas pelo governo do que são pelos privados.

Bill e Melinda Gates, que divulgaram esta semana a carta anual da fundação têm ações de solidariedade diferente de outros bilionários, como Stephen Schwarzman, que deu à Universidade de Yale, nos Estados Unidos (EUA), 150 milhões de dólares para um centro de artes cénicas. Também não são do género de magnatas que utilizam o seu dinheiro para promover eleições, como Charles e David Koch ou Tom Steyer.

De igual forma, não podem ser englobados no grupo de plutocratas que detestam a si mesmos, como Nick Hanauer, que condena, abertamente, a sua posição na sociedade e exige constantemente políticas económicas. E, certamente, não estão entre as dezenas de bilionários pouco conhecidos que preenchem a lista das pessoas mais ricas dos EUA da revista Forbes.

De certa forma, o casal Gates levanta questões mais difíceis sobre o papel dos bilionários e da filantropia na sociedade. A sua fundação – da qual também faz parte Warren Buffett – utiliza grandes somas de dinheiro para influenciar a vidas das pessoas em todo o mundo.

Para Dylan Matthews, autor do artigo do Vox, bilionários como Tom Steyer, Stephen Schwarzman, os irmãos Kochs ou Howard Schultz exercem o poder derivado da sua riqueza de forma errada, não cumprem com a responsabilidade a este associada. “O dinheiro que gastam provavelmente seria melhor usado nos cofres públicos”, afirma.

Segundo o próprio, a Fundação Gates, em contrapartida, tem usado “bem o seu dinheiro e poder”. “Não tenho certeza de como criar um sistema que preserve o trabalho genuinamente valioso que eles fazem, enquanto diminui drasticamente o papel dos bilionários em geral”, reitera.

Contudo, apesar de considerar que a fundação tem feito um bom trabalho, não defende todas as suas ações. Acredita que, por exemplo, o dinheiro doado para transformar o ensino médio nas escolas americanas foi um erro, frisando que está é uma das áreas onde o trabalho dos Gates tem implicações mais preocupantes para a democracia.

No entanto, caso se olhe para o trabalho da Fundação Gates sobre a saúde global – o combate à malária, o financiamento para desenvolver e implementar vacinas, o trabalho com portadores de VIH e de SIDA – “é difícil evitar a conclusão de que salvaram um enorme número de vidas”, reconhece.

O casal Gates doou 750 milhões de dólares (aproximadamente 664 milhões de euros) para o estabelecimento inicial da Gavi, uma organização sem fins lucrativos especializada em fornecer vacinas em países pobres. No total, deram ao grupo quatro biliões de dólares (cerca de 3,5 mil milhões de euros).

Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, entre 2000 e 2013, a Gavi forneceu 440 milhões de vacinas e evitou seis milhões de mortes. Embora este resultado não seja apenas fruto dos investimentos da Fundação Gates na área, “é justo dizer que esta teve um papel importante”.

Uma resposta comum ao trabalho desenvolvido pela Fundação Gates passa por afirmar que o mesmo devia ser desempenhado pelos governos, através de impostos. E Dylan Matthews concorda com isso, “como um princípio normativo”.

Porém, caso a fortuna dos Gates fosse entregue ao Tesouro dos EUA, “quais seriam as hipóteses de o Congresso alocar os fundos para dar vacinas às pessoas necessitadas nos países pobres? Quais seriam as ‘chances’ de utilizarem o dinheiro para pagar por mais mísseis ou reduzir o défice, sem nenhum outro efeito real?”, questiona o autor.

Se a diminuição da fortuna de Gates “fosse igualada um a um por um aumento nos gastos do governo dos EUA em saúde pública no exterior, eu estaria 100% a bordo”, afirma Dylan Matthews. Contudo, não está convencido de que isso seja concretizável.

Recentemente, Bill Gates ponderou, em entrevista à Verge, sobre a ideia de pagar mais em impostos para financiar mais bens públicos, através do governo. Não obstante, o mesmo pode ser “excessivamente defensivo” sobre algumas críticas quanto a essa discussão.

Certa vez, insinuou que o escritor Anand Giridharadas era “comunista” por apoiar mudanças sistemáticas na economia e na filantropia. Ainda assim, este distancia-se bastante de Stephen Schwarzman, que comparou o aumento das taxas de imposto sobre o capital com a invasão nazi na Polónia.

O artigo da Vox acrescenta ainda que nenhuma das políticas criadas pelos democratas para direcionar a desigualdade de riqueza ameaça realmente a capacidade de Bill Gates em doar grandes quantias para causas efetivas.

Um dos intuitos dos ativistas de esquerda que criticam os bilionários não é reduzir a desigualdade de riqueza, mas sim alimentar um argumento moral mais básico, de que ninguém deveria ter essa quantidade de dinheiro para distribuir.

Isso poderia potenciar a discussão sobre o aumento dos impostos aos bilionários, mas, também, potenciar um entendimento cultural mais amplo, em que alguém como Bill Gates não é admirado pelo que está a fazer, mas sim admoestado.

Essa é uma mudança cultural e política na qual Dylan Matthews não acredita tanto. “Podia levar a bons resultados no caso dos Gates, se fosse combinado com um compromisso do governo dos EUA em usar esse dinheiro para remediar a desigualdade global, e não apenas a norte-americana”.

“Mas, sem uma mudança como essa, a riqueza do pequeno número de bilionários filantrópicos pode fazer mais bem em mãos privadas do que públicas“, conclui o autor.

Taísa Pagno, ZAP // Vox

5 Comments

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK….OS ESQUERDISTAS SÃO UMA PIADA MESMO…BONITO ISSO…QUEREM DIZER QUE É MELHOR DINHEIRO NA MÃO DO GOVERNO ??CLARO, PARA PODEREM DESVIAR UM POUQUINHO..KKK…ESSES ESQUERDISTAS NÃO FAZEM NADA DA VIDA E FICAM DE OLHO NO DOS OUTROS…QUE CAMBADA DE VADIOS…PQP…

  2. O viés coletivista dessa matéria me dá náuseas, pqp… Nada, NADA que o governo gerir será melhor que a iniciativa privada. Estado não passa de uma quadrilha institucionalizada. E esses chamados “plutocratas” que “exigem” certas políticas econômicas, estão apenas querendo proteção estatal para seus negócios. Proteção contra concorrência do livre mercado.

  3. Basicamente, o título da noticia diz “uma nova onda de críticos afirma que mesmo os bilionários mais generosos são maus” e o corpo de texto que “a riqueza do pequeno número de bilionários filantrópicos pode fazer mais bem em mãos privadas do que públicas”.

    Péssimo título.

  4. Nas mãos do governo?!? Desaparecia tudo num ápice, e ninguém sabia para onde tinha ido o dinheiro como é aliás habitual! Muito provavelmente a desculpa seria que era tudo para “abater” a dívida da banca, ou seja CGD’s e afins! A realidade, essa já daria muito que falar, na verdade daria um romance do género “Al Capone”

  5. Estes artigos são uma treta… apenas têm a missão de desinformar.
    Uma vez li um artigo que dizia que o dinheiro doado só nos USA durante esse ano (que não me recordo) dava para pagar uma refeição a todas as pessoas do mundo por dia durante esse ano… No entanto existe cada vez mais pessoas a morrer à fome…
    Também li noutra ocasião que os Milionários que mais supostamente davam dinheiro e fortuna para ajudar os outros… viam as suas fortuna a aumentar.
    A ideia que tenho é que estas funçãçoes até podem ajudar muitas pessoas no mundo, mas as pessoas que mais são ajudadas e beneficiam com estas fundações, são os prórpios donos.
    É por isso que a pobreza e miséria aumentará cada vez mais (99% da população mundial tem 50% da riqueza e o outro 1% da população mundial tem os restantes 50%)

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