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Afinal, a crise no transporte marítimo mundial não vai estragar o Natal – pelo menos em Portugal

O transporte de mercadorias está a desacelerar na Ásia e o aumento dos custos está a causar uma onda preocupação na distribuição. Porém, o problema não se deverá fazer sentir na época de Natal.

A falta de contentores que está a afetar o transporte marítimo mundial tem exercido uma grande pressão na indústria retalho que está a ter grandes dificuldades com custos crescentes de distribuição e de produção.

Este problema está a afetar vários países do mundo, mas acredita-se que não chegue a Portugal. Além disso, a época natalícia – altura de grande consumismo para grande parte dos portugueses – também não deverá ser afetada por esta situação.

Ao Jornal de Negócios, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), refere que “os custos de transporte e dos contentores têm crescido. Ainda não se traduzem num aumento dos produtos finais, mas há uma enorme pressão sobre a cadeia de valor e sobre a cadeia de abastecimento”.

Ainda assim, o responsável garante que para já não há razões para alarme. “Neste momento, o aumento dos custos das matérias-primas e, evidentemente, a dificuldade em ter o produto e em transportá-lo a preços equilibrados é uma preocupação e a APED sabe que está a levar a que os seus associados busquem novas soluções para evitar ruturas e crescimentos inusitados dos preços”, explica.

O diretor-geral da APED afirma que, embora o problema seja a uma escala global, a atual crise “tem um impacto muito maior nos produtos vindos da China”. Na sua origem estão uma série de “choques”, como a pandemia ou o fecho, durante seis dias, do Canal do Suez.

“Há dois anos havia um valor para despachar um contentor da China que era relativamente equilibrado, mas hoje corresponde a quatro, e às vezes cinco, vezes mais”, aponta. Mas “esta não é só uma questão de transporte, é também de produção”, destaca Lobo Xavier.

O diretor-geral da APED destaca o “grande impacto” da crise dos semicondutores, designadamente na indústria automóvel e dos computadores. “Na área do retalho especializado há muita pressão tanto nos produtos como nos componentes made in China”, frisa.

Segundo o The Conversation, a China tem oito dos dez portos mais movimentados do mundo, que estão a funcionar com capacidade reduzida devido às restrições sanitárias. A costa oeste dos Estados Unidos também está a passar por um grande congestionamento.

No entanto, Lobo Xavier defende que a atual crise pode ser “uma oportunidade para a Europa” apostar mais em si própria. “A indústria europeia poderá ter aqui um incentivo ao aumento da capacidade de produção e de apresentar produtos e isto é, naturalmente, aplicável a muitas outras áreas importantes para a distribuição e para o retalho especializado”.

Estas são boas notícias, depois de ter sido colocado em questão se este problema no transporte marítimo poderia afetar o consumo na altura do Natal.

Ana Isabel Moura, ZAP //

 

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