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Analistas defendem que crise social pode beneficiar reeleição de Trump

gageskidmore / Flickr

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Alguns analistas consideram que as  violentas manifestações de protesto que têm tomado as ruas de várias cidades norte-americanas podem ajudar a reeleger o Presidente Donald Trump.

Apesar dos comentários pouco abonatórios para Donald Trump, na sequência a morte de George Floyd, vários analistas políticos desconfiam que esta crise social pode ser um aditivo valioso para a campanha de reeleição do Presidente norte-americano.

No fundo, Trump pode surgir como “a mão forte que colocou ordem no caos“, perante um adversário democrata, Joe Biden, que parece não saber como tirar proveito da oportunidade, esclarece o Diário de Notícias.

“Numa primeira fase, os protestos que irromperam pelos Estados Unidos deram a sensação de que iriam causar mais dificuldades a Trump. Esta tensão social suscitada por problemas de violência e racismo por parte das forças policiais em relação aos afro-americanos não é nova. Mas com o avolumar de protestos violentos em diversas cidades, Trump poderá até retirar dividendos na popularidade, pelo menos no imediato”, disse à Lusa Nuno Gouveia, investigador e autor de obras sobre política norte-americana.

Uma variável importante para determinar o impacto político desta crise social nos Estados Unidos é a duração destas manifestações, que já ocorrem há uma semana.

“Tudo dependerá do tempo durante o qual continuarem os protestos, e, sobretudo, do facto de serem percebidos pela maioria da população como uma justa indignação – algo que afetará politicamente Donald Trump, visto como parte do problema da injustiça social -, ou terem ultrapassado esse limite e fazerem recear à maioria dos americanos pela sua própria segurança e ordem pública – o que, paradoxalmente, até poderá beneficiar Donald Trump, usando isso contra uma suposta ‘tibieza’ de Joe Biden na manutenção da ordem”, explicou José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI).

A segunda variável detetada pelos analistas é a dimensão da violência que toma conta das ruas e dos noticiários, inflamando de seguida as redes sociais.

“Embora seja verdade que a continuação da violência policial não vai certamente ajudar Trump, também se pode afirmar que, se as coisas evoluírem para uma situação de desordem social, associada a grupos organizados de extrema-esquerda, isso poderá até vir a favorecer o atual Presidente, se este conseguir ser visto como defensor da lei e ordem”, acrescentou à Lusa José Manuel Moreira, professor catedrático de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Aveiro.

ZAP // Lusa

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