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Crianças inglesas passam a ter aulas de programação a partir dos cinco anos

Max, 10 anos, tem uma rotina diferente da maioria dos meninos da sua idade. “A minha rotina diária é escola, casa, comer programar, dormir, repetir”, explica o pequeno programador.

Max aprendeu a criar programas de computador e a construir sites há quatro anos, depois de a mãe lhe oferecer um computador, e diz que isso hoje é uma parte muito importante da sua vida.

“Pode-se fazer muita coisa com a programação. Programar ajuda-nos a pensar fora da caixa. Gosto de pensar em ideias que podem ajudar o mundo”, diz Max à BBC.

Vida moderna

Em breve, as escolas inglesas poderão ter muitos mais meninos e meninas como Max.

Desde o início deste ano lectivo, na passada segunda-feira, que nas mais de 160 mil escolas primárias do país as crianças a partir dos cinco anos de idade têm aulas de programação.

A mudança faz parte de uma série de alterações no currículo escolar que acabam de ser postas em prática na Inglaterra.

Segundo o Ministério de Educação inglês, o objectivo é preparar as crianças para a vida moderna.

“Elas precisam de aprender o básico de certas áreas chave, que são as mais valorizadas pelas universidades e empresas”, diz uma porta-voz do governo.

Rigoroso e envolvente

Voltado para alunos de até 14 anos de idade, o novo currículo foi descrito pelo ex-primeiro-ministro Gordon Brown como “rigoroso, envolvente e difícil”.

O ex-secretário de Educação, Michael Gove, diz que estas alterações eram necessárias para que a Inglaterra estivesse à altura dos mais bem-sucedidos sistemas educacionais do mundo.

O novo currículo dá mais importância a conhecimentos e capacidade de “redacção de teses, resolução de problemas, modelagem matemática e programação”.

Russell Hobby, secretário-geral da Associação Nacional de Professores, diz que os mestres se prepararam ao longo do último ano para ensinar o novo currículo, mas que pode haver certa dificuldade em áreas como a matemática, na qual os tópicos mais avançados podem ser de difícil compreensão para os alunos mais novos.

“Um dos erros do novo currículo é que ele está a ser implementado todo de uma vez“, diz Hobby.

“Na matemática, é preciso aprender um conceito básico antes de ir para os mais avançados. Agora, há crianças que não terão aprendido o básico antes de terem que aprender os conceitos avançados.”

Também haverá, por exemplo, mudanças no programa de inglês: aos 14 anos, os alunos terão de ter estudado pelo menos duas peças de Shakespeare.

Em ciências, haverá aulas sobre as alterações climáticas.

Inovação

O novo currículo ainda traz duas grandes novidades. Os estudantes passarão a ter aulas de tecnologia e design, em que aprenderão sobre inovação e indústrias digitais, com aulas de impressão 3D e robótica.

E também haverá, é claro, as novas aulas de programação.

Os alunos com idades entre cinco e sete anos aprenderão a escrever código de programação, a entender o que são algoritmos e a criar programas de computador simples.

Aos 11 anos, deverão ser capazes de “elaborar, usar e avaliar abstracções computacionais que modelam o comportamento de problemas do mundo real e físico”.

Max está animado com a mudança, porque considera que as aulas de computação actualmente não são nada estimulantes.

“Hoje, numa escola normal, aprende-se a usar o Word. Isso é estúpido. Eu nunca vou usar o Word uma profissão. Mas quem fez o Word sabe programar”, diz Max.

“Se várias outras crianças começarem a programar, a competição pelo trabalho de programador vai aumentar, mas isso é uma coisa boa, porque significa que mais gente estará a trabalhar nessa área.”

ZAP / BBC

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