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Encontradas 115 crianças enterradas com moedas na boca na Polónia

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(dr) Arkadia Firma Archeologiczna

Alguns esqueletos de crianças com moedas na boca

Trabalhadores que construíam uma nova estrada na Polónia encontraram os restos de 115 corpos de crianças enterras com moedas na boca.

Durante os trabalhos de construção de uma autoestrada em Jezowe, na Polónia, trabalhadores descobriram restos humanos. Perante a descoberta, decidiram chamar ao local uma equipa de arqueólogos, que desenterrou um total de 115 corpos de crianças.

A Direção Geral de Estradas e Autoestradas do país anunciou que, com base nas observações arqueológicas realizadas, “cerca de 70-80% de todos os restos mortais são de crianças”. Quando os arqueólogos analisaram atentamente os corpos, ficaram muito surpreendidos ao descobrir que algumas tinham moedas na boca.

A arqueóloga Katarzyna Oleszek, que trabalhou no local, disse ao polaco The First News que as moedas são “certamente um sinal das suas crenças”.

Na mitologia greco-romana, Charon (Caronte, em português), era o barqueiro de Hades, que transportava as almas dos recém-falecidos pelo rio que separava o mundo dos vivos do dos mortos. A moeda usada para pagar a “viagem” era colocada na boca do defunto. Quem não pagasse, vaguearia durante um século, explica o Ancient Origins.

No entanto, as moedas encontradas em Jezowe não datam da Grécia ou da Roma Antiga, mas sim dos séculos XVI e XVII. Apesar de esta ser uma tradição muito antiga, pré-cristã, tem sido cultivada ao longo dos tempos, inclusivamente durante o papado de Pio IX, no século XIX.

Além das moedas, os arqueólogos não encontraram nenhum outro artefacto nos túmulos, o que leva a arqueóloga a acreditar que a comunidade era muito pobre.

Os corpos foram encontrados num terreno arenoso e estavam dispostos num eixo leste-oeste. Segundo a equipa de arqueólogos, os túmulos pertenciam à secção infantil do cemitério.

“A disposição dos esqueletos e o estado da sua preservação mostram que se trata de um cemitério da Igreja católica, certamente bem cuidado, uma vez que nenhum túmulo foi danificado. Os habitantes sabiam exatamente onde estavam as sepulturas e tomaram conta delas”, explicou Oleszek.

Fontes escritas indicam que, durante uma visita dos bispos da Cracóvia a Jezowe, em 1604, já havia uma grande igreja paroquial, com um jardim, uma reitoria, uma escola e um cemitério. Provavelmente, já existia desde 1590 – altura em que foi cunhada a primeira moeda encontrada no local.

A área na qual as crianças foram descobertas está agora coberta por floresta e não há marcadores de sepulturas. Os arqueólogos informaram, através do Facebook, que os corpos serão exumados e, depois de serem estudados por antropólogos, serão repassados para a igreja paroquial local e enterrados no cemitério.

ZAP //

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