Crescem que nem cogumelos? Este cresceu num sapo vivo

Lohit Y.T. / WWF-India

Por alguma razão se usa com frequência a expressão “crescem que nem cogumelos”. Recentemente, uma equipa de investigadores documentou pela primeira vez um sapo vivo com um cogumelo a crescer num dos seus lados.

A descoberta foi feita numa pequena lagoa nas encostas das Cordilheiras de Kudremukha, na Índia, por Chinmay Maliye, naturalista amador, e Lohit Y.T, especialista em áreas húmidas da WWF Índia.

Empoleirado num galho, a equipa encontrou um sapo de Dorso-Dourado Intermediário de Rao (Indosylvirana intermedia) com um pequeno cogumelo cinza a sair do seu lado esquerdo.

“Até onde sabemos, nunca foi documentado um cogumelo a desenvolver-se do lado de um sapo vivo”, diz os autores do estudo, recentemente publicado na Reptiles & Anphibians.

Consultas com micologistas sugeriam que o mini-cogumelo era uma espécie de Mycena, também conhecida como cogumelo boné.

Frequentemente considerados organismos saprotróficos, os Mycenas são habitualmente encontrados a viver em matéria orgânica decomposta. O que ainda permanece um mistério é como o cogumelo conseguiu entrar no sapo.

Sapos e fungos são frequentemente encontrados próximos uns dos outros, bem adaptados para viver em ambientes húmidos, mas a proximidade vista aqui é “surpreendente“.

A pele do sapo normalmente é bastante eficaz em manter os invasores afastados, então os especialistas pensam que algo como uma lesão ou uma infeção pode tê-lo deixado entrar inadvertidamente, segundo o IFL Science.

“Suponho que isso seja uma infeção superficial puramente na pele com Mycena”, disse Cristoffer Bugge Harder, micologista. “Podem ser mantidas por um longo tempo, como a maioria das infeções fúngicas na pele em humanos”.

Lohit Y.T. / WWF-India

Harder tinha descoberto anteriormente que os Mycenas não estavam restritos apenas a viver de hospedeiros vegetais mortos, como se pensava anteriormente, mas também podiam invadir as raízes de plantas vivas.

Com a descoberta de que ela estava a desenvolver-se num sapo e com a ausência de documentação de um cogumelo num hospedeiro animal vivo, isto aponta para a adaptabilidade do cogumelo.

“Se alguma vez houve um género de cogumelo que pudesse fazer isto, Mycena seria uma aposta muito boa“, disse Harder, embora seja improvável que faça o mesmo em humanos.

Quanto ao destino do sapo, provavelmente nunca saberemos. “O sapo não foi recolhido, então nenhum prognóstico é possível“, escrevem os autores.

Ele estava vivo e a mover-se na época, então parece bastante improvável que tenha entrado no modo zombie com os seus companheiros sapos.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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