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Crescem as petições em Portugal contra a vinda de refugiados

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Jens Buettner / EPA

Refugiado sírio em Horst, Alemanha

Portugal vai acolher 3.074 refugiados no âmbito do processo que vai distribuir mais de 120 mil pessoas pelos Estados membros da União Europeia. Mas na Internet parece haver uma vaga crescente contra a vinda de refugiados para o nosso país, como atestam várias petições públicas.

No site Petição Pública, um serviço gratuito que permite aos cidadãos recolherem assinaturas em torno de causas, existem várias petições em torno da temática dos refugiados, nomeadamente defendendo que Portugal não os deve receber.

A mais votada entre estas petições intitula-se “Não aos refugiados em Portugal” e já tem mais de 14.860 assinaturas. A argumentação dos seus promotores é que “Não queremos pagar dos nossos bolsos para que os refugiados estejam cá”.

A petição “Pelo fim imediato da entrada de refugiados em Portugal” conta acima de 13.880 assinaturas e nela faz-se notar que “Portugal tem mais de 2 milhões de pessoas quase no absoluto limiar da pobreza”, “mais de 150.000 crianças com fome” e “uma taxa de desemprego superior a 20%”.

Os proponentes concluem que “não é justo” e que é mesmo “uma afronta aos Portugueses” que “vivem miseravelmente” e “aos outros sobrecarregados de impostos” que os refugiados venham para o nosso país para terem “subsídio de “integração; habitação mobilada e equipada; consumo de electricidade gratuito”, entre outros benefícios que se destacam.

Estas duas petições são mesmo as mais activas de todas as existentes no Petição Pública.

Uma das petições que se manifesta contra o acolhimento de refugiados é promovida por uma mãe que “chorou com a imagem do menino que deu à costa na Turquia”, mas que relembra que é preciso “abrir os olhos para todos os factos, como o caso dos muçulmanos que atiraram cristãos borda fora“.

Há ainda a “Petição a favor de um Referendo em Portugal” sobre a entrada ou não dos refugiados, com pouco mais de 190 assinaturas, que salienta que “o povo é quem mais ordena”.

“Uma coisa é querer ajudar, outra é ter condições para ajudar”, constata-se ainda na petição “Refugiados em Portugal? NÃO!“, que tem mais de 150 assinaturas e que destaca o pretenso risco de “colocar fugitivos potencialmente perigosos à frente de homens e mulheres, idosos e crianças portuguesas”.

Na petição “Contra refugiados islâmicos em Portugal“, que tem 24 assinaturas, frisa-se que “eles vêm com ódio e não com paz” e que “não tarda muito estamos a viver com medo no nosso país”.

Direitos Iguais Entre Sem Abrigo e Refugiados Sírios em Portugal” é o título de outra petição assinada por apenas 9 pessoas à data de escrita deste artigo, onde se pedem “apartamentos novos completamente mobilados”, “subsídios de igual valor” e “apoio à integração na sociedade portuguesa” para aqueles que, neste momento, vivem na rua.

SV, ZAP

17 Comments

  1. Acho irónico que tenha sido preciso uma foto para de repente se lembrarem duma guerra e suas consequências!
    E de repente são todos solidários, vamos fazer e acontecer mas passado uns meses cai no esquecimento!
    Eu pessoalmente não os quero cá, já trabalhei lá fora e como tudo há os bons e os maus, conheci árabes que faziam pela vida e conheci intrujas que nada queriam fazer, apenas chular.
    Não vêm trazer nada de bom!

  2. Será mesmo possível haver tanta ignorância, preconceito e estupidez? Sim, há pobreza em Portugal mas há paz! Não há miúdas vendidas como escarvas sexuais! Há lugar para quem quer sobreviver, viver e contribuir para um país melhor, um mundo melhor! E deixem-se de tretas com religiao que nenhuma é melhor que a outra. Tretas para mentecaptos se sentirem “especiais”, “escolhidos” por um ente superior que justifique as suas barbaridades em “seu” nome. Somos todos homens e mulheres! De que importam as fronteiras!!

  3. Temos visto, nós portugueses,a comentar que não concorda que os sírios não deviam vir para Portugal porque “nem trabalho há para os que cá andam” ou “temos cá sem abrigo”.

    A questão que eu deixo aqui a todos é se todos nós estamos a contribuir para ajudar os de cá. Talvez esta questão dos refugiados possa vir a melhorar, acima de tudo, a consciência do “dar” a todos nós.

    Será que todos nós estamos a tirar um pouco que seja do nosso dinheiro ou património para ajudar os sem abrigo portugueses? Será que todos nós estamos a pagar cotas de associações, ajudas paroquiais, ajudas voluntárias para ajudar os sem abrigo portugueses?

    Será que todos nós estamos a tentar proativamente arranjar um emprego, a arranjar melhores condições de vida para o nosso próximo (ou para nós mesmos). Será que todos nós estamos a tentar ser mais cívicos moderados com os nossos de cá?

    Acho que o problema não são os sírios. O problema é nós não estarmos a ajudar os nossos de cá. É um problema que existe ainda antes dos sírios.

    Antes de virem os sírios à baila havia (e há) os sem abrigo portugueses.

    Será que nós temos tentado, todos juntos, ajudar os nossos portugueses (sem abrigo) ainda antes de se falar dos sirios? Será que nos temos tentado, todos juntos, arranjar um emprego, aceitar um emprego, procurar um emprego, procurar uma formação… para ter um emprego?

    O problema não são os sirios. O problema é “antes dos sírios nós nem sequer ajudávamos de forma eficiente os sem abrigo portugueses”.

    Quem está habituado a dar e a partilhar, agora com a vinda dos sirios estes são apenas “mais alguns”. Quem está habituado a ser voluntário, estes sírios são apenas mais alguns.

    Mas quem de nós não tem ajudado os outros precisa de se rever, e os sírios são uma oportunidade de mudança para nós. E quem não gostar dos sírios, oxalá que agora seja uma oportunidade de ao menos olhar para os seus… portugueses sem abrigo. Mostre-se então a atitude “nacionalista” de ajudar os de cá. De ajudar os sem abrigo nacionais.

    Porque se estamos contra os sírios mas não ajudarmos os sem abrigo portugueses e desculpando-nos com argumento, a verdade é que não temos razão. Nós próprios já fazemos terrorismo verbal e tratar desumanamente os sem abrigo portugueses. São os terroristas estrangeiros que nos preocupam?

    Olhemos para nós… se não ajudarmos os nossos.

    O estado como nosso representante tem algumas responsabilidade. Mas a responsabilidade maior de ajudar os sem abrigo portugueses é nossa, da sociedade civil. Portanto quem se opõe aos sírios e está a favor de ajudar os sem abrigo portugueses a minha questão:

    é agora que vamos contribuir para ajudar realmente os sem abrigo portugueses numa atitude nacionalista de caridade para com os nossos?

    Falar que os sem abrigo português precisam, mas não os ajudarmos…. ora a isso chama-se “mediocridade” na minha opinião.

    Eu considero-me medíocre porque há sem abrigo nossos nas ruas.

    Não escondamos a nossa mediocridade. Se há portugueses nossos nas ruas acho que a responsabilidade é nossa, de todos nós.

    Será que vamos dizer: “não queremos sírios porque já bastam cá os sem abrigo portugueses”?

    Digamos antes: “nós somos medíocres e devíamos ter vergonha. Porque há sem abrigos aqui em Portugal, na minha terra… eu posso ajuda-los. Já contribuí?”

    Será que nós não temos vergonha de dizer que há cá pessoas sem abrigo, sem emprego, quando nós temos nas nossas mãos a oportunidade de mudar um pouco a vida do próximo para melhor? A culpa é dos outros?

    Mas não nos devíamos sentir envergonhados porque nós não os tirámos da rua? Porque nós não contribuímos para arranjar mais empregos, mais economia para eles? Os medíocres somos todos nós quando não nos ajudamos uns aos outros. Ao invés disso não fiquemos aí a dizer o que está mal. Temos mãos, cabeça, pés (alguns mais , outros em menores condições).

    Dizer ainda que já damos impostos. Ora isso não é “dar”. Isso é descontar porque se é obrigado a pagar impostos. Não é dar. O problema é a nossa arrogancia e não habituarmo-nos a dar. Eu hipócrita, eu arrogante, eu avarento.

  4. Mas, quando o Sr.Durão Barroso, em nome de Portugal, fez de mordomo na Cimeira das Lajes para iniciar a guerra contra o Iraque, não houve petições públicas nem referendos contra essa guerra.
    A Cimeira da Guerra, sem motivo, baseada em mentiras, provocou toda esta crise! Portugal tem memória curta quando convém!!

    • E aqui temos uma portuguesa (à posteriori) melhor informada do que a generalidade dos portugueses, superior ao conhecimento da generalidade dos americanos, canadianos, ingleses, espanhois, alemães, etc. que sabe mais do que meio mundo!
      Diria que é como as anteriores contas do bes auditadas e as auditorias de auditorias feitas esta concidadã vir hoje dizer aos lesados que não havia motivo para NÃO investir!
      À posteriori, não foi tanto o Iraque mas sim as “primaveras árabes! É que certo oportunismo extremista só resulta com mordomos em serviço “revolucionário” de aviário e daquele de carregar pela boca.

  5. Os comentários que eu vejo publicados por portugueses no Facebook e em outras redes de comunicação em relação aos refugiados já revolta. Toda a vida, em todas as gerações SEMPRE HOUVERAM PORTUGUESES QUE PARTIRAM PARA OUTROS PAÍSES NOS DIFERENTES CONTINENTES EM BUSCA DE UMA VIDA MELHOR. E se todos os países (sem excepção) começarem a escorraçar todos os portugueses emigrantes e obrigá-los e regressar a Portugal o que vai ser do povo português e da economia de Portugal? Não nos julguemos melhor que os outros e não queiram fazer aos outros o que não gostamos que façam connosco. VAMOS DEIXAR DE SER HIPÓCRITAS E EGOÍSTAS!

    • Pois, mas a estupidez e as comparações parvas também revoltam!…
      Os portugueses partiram para todo o lado, para TRABALHAR; pode parecer que não, mas são coisas bem diferentes!!
      É por isso que NUNCA foram (nem vão ser!) “escorraçados”, até por que fazem falta nos países onde estão!
      Já outros que por aí andam (e não me refiro aos sírios)….

      • E isso quer dizer, o quê? Que os refugiados querem vir para cá para MANDRIAR? Quem lhe disse que eles não querem trabalhar?

      • Exato não vem ninguém para trabalhar só para ficar com as casas e subsídios e para tentarem se impor na nossa sociedade

  6. Pessoalmente, até lhes dou o benefício da dúvida!!
    Concordo que esses refugidos venham para Portugal, SE mandarmos embora o mesmo numero de bandidos parasitas estrangeiros que para cá andam (brasileiros, africanos, romenos, etc)!
    Se assim fôr, na pior das hipóteses, trocamos um bandido por outro!
    Mas, com um pouco de sorte, até ficamos a ganhar…
    Anda por aí tanta escumalha estrangeira… alguns até se indignam nas “internet’s” (ainda mais que os portugueses!), temendo que o refugiados sejam “melhores” do que eles…

  7. Mais uma vez, acho que o ZAP não fica bem na fotografia. Tiveram tanto cuidado em analisar o nº de petições contra a vinda de emigrantes e o nº de assinantes de cada uma delas, por que não acrescentaram o nº de petições e movimentos de cidadãos que se organizaram espontaneamente para acolher e promover o acolhimento de refugiados? Será porque a notícia só vende quando fala do mal? Ou será porque o ZAP também é contra o acolhimento aos refugiados?

  8. Existem seres humanos que são a vergonha daquilo que representam e esses sim deveriam ser enviados para a Síria ou para o Iraque, ganhem vergonha bando de desocupados, acreditam em tudo que aparece na internet !!!

  9. Como pode haver tanto egoísmo….
    O que é que a pobreza tem a ver com acolher refugiados? Espero que nunca tenham que fugir pela vida 🙁 Que o país está mal já nós sabemos, grande novidade com as petições, agora não são meia dúzia de refugiados que vão mandar-nos ainda mais para o fundo.
    Mas vivemos numa democracia e temos que respeitar as opiniões dos outros, é certo, mas que é triste só olharem para o seu próprio umbigo, isso é.

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