Enquanto Ministro da Defesa, Cravinho defendeu ex-director-geral suspeito de corrupção

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Rodrigo Antunes / Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho

O actual Ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu várias vezes publicamente Alberto Coelho, apesar de em privado já saber das suspeitas em torno do ajuste directo que financiou as obras no Centro de Apoio Militar.

João Gomes Cravinho, ex-Ministro da Defesa e actual Ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu um dos altos quadros da Defesa que é agora suspeito de corrupção quando tinha a tutela desta pasta.

De acordo com o DN, menos de quatro meses após a inauguração do Centro de Apoio Militar (CAM) – Covid 2019, o Secretário de Estado da Defesa, Jorge Seguro Sanches, enviou um relatório a Gomes Cravinho que detalhava as suspeitas de corrupção na contratação para as obras de requalificação do edifício.

O relatório referia ainda as faltas de esclarecimentos de Alberto Coelho, que na altura era diretor-geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN) e que foi ontem detido por suspeita de corrupção no âmbito da operação “Tempestade Perfeita”.

Segundo o relatório de Sanches, Coelho não deu “resposta satisfatória e exigível” sobre como foi feito o ajuste directo e sobre como é que o custo da obra foi quase o triplo do que foi orçamentado — previa-se um gasto de 750 mil euros, mas o valor real chegou aos 3,2 milhões.

O Secretário de Estado recomendou ainda a realização de uma auditoria ao caso, tendo Gomes Cravinho assinado o relatório com um “visto com elevada preocupação” a 23 de Julho de 2020.

A derrapagem nos custos das obras começou a ser noticiada e o PSD chamou Gomes Cravinho ao Parlamento para explicar a situação. Na altura, o Ministro da Defesa disse estar muito satisfeito com a “qualidade da obra, que será no futuro uma unidade de cuidados continuados”. “É dinheiro que não se perde, uma valorização do ativo superior ao previsto”, explicou.

A 16 de Fevereiro de 2021, Gomes Cravinho assinou ainda um despacho onde enviou o relatório para o Tribunal de Contas e já sabia das conclusões da auditoria da Inspecção-Geral de Defesa Nacional, que responsabilizava Alberto Coelho pelas derrapagens. Nesse mesmo mês, o Ministro voltou a defender o director-geral perante os deputados.

“O que se entende por derrapagem? Se estamos a falar de uma obra, devidamente parametrizada, que acaba por custar mais, podemos falar nisso; mas aquilo que se verificou não foi isso, mas sim uma obra preparada num curtíssimo espaço de tempo que acabou por ter uma intervenção maior e que custou mais“, explicou Cravinho, justificando que a obra encareceu por ter ficado “mais completa” que o planeado.

O tutelar da pasta da Defesa não partilhou o que já sabia da auditoria e elogiou ainda Alberto Coelho, dizendo que este era uma “pessoa extremamente qualificada e capaz”. Já em Abril, Gomes Cravinho causou surpresa ao nomear Alberto Coelho para presidente do Conselho de Administração da ETI (EMPORDEF – Tecnologias de Informação, S.A), uma empresa do universo da holding IdD Portugal Defence (Indústrias de Defesa), detidas pelo Estado.

Na comissão parlamentar da Defesa a 7 de Julho de 2021, João Gomes Cravinho disse ainda que foi Marco Capitão Ferreira, o actual Secretário de Estado da Defesa, a pedir que Alberto Coelho fosse o escolhido para ser presidente da ETI.

Adriana Peixoto, ZAP //

13 Comments

  1. É preciso obrigar os militares do quadro permanente e contratados a declarar se colaboram/pertencem a sociedades secretas. Existem sargentos promovidos a oficiais em 6 meses sem cumprir os 4 ou 6 anos necessários na academia militar ou na medicina.

  2. É tudo a mamar na coisa pública. O país está perdido. Só há uma solução. Reduzir o Estado ao mínimo possível. Com um Estado pequeno não há dinheiro para esquemas e trafulhices.

  3. Pobre pais que tão fracos políticos tem. Na boca de quem os nomeia são todos muito honestos, mas vai -se ver, é só corruptos.
    Estou cansada destes políticos, da direita à esquerda e desengane-se quem pensa que uns são melhores que outros, não são.
    Todos lutam para se sentarem na cadeira do poder, e quando lá chegam, fazem exatamente as mesmíssimas asneiras.
    Vão todos para o raio que os parta.

    • Vote em partidos que queiram diminuir o peso do Estado. Se cobrarem menos impostos e reduzirem consideravelmente o tamanho do Estado, diminuem também as oportunidades para roubar e para os esquemas.

  4. O PS é o partido da corrupção! Está há tempo demais no poder com responsabilidade para o PSD que hostiliza o eleitorado de forma gratuita e sem um projecto substancialmente diferente. Tudo isto faz crescer o “Chega” que está em risco de vir a ser poder. Neste momento não existe nenhuma razão plausível para haver “ajustes directos ” seja por quem for e a que título for ! Esta reforma ninguém quer fazer nem mesmo o Chega.

  5. Façam como eu desta vez voto chega, qual quê, já os vi por lá passar todos e sempre a mesma coisa, estou saturado de pagar para estes camelos roubarem-nos. O que tenho a perder com o meu voto no chega? nada quem diz que era uma desgraça são estes corruptos que querem sempre lá estar no poleiro, na Itália ganhou a Melona e que aconteceu pior do que estava nada, Grande André Ventura na proxima tens o meu voto….

      • Pois é a faca memória de alguns a defender o CHEGA, e não se lembram do que ele foi anteriormente, no PSD, foi engatado de marcha atrás, correram com e os outros amigos dele, também são TAL E QUAL. Daqui a alguns anos digam onde se pode var e qual a prisão preventiva que ele vai ter.

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