Estudo analisou a percepção da qualidade de vida por parte de residentes e turistas, e o impacto da pandemia nessa percepção.
Um estudo realizado em Portugal analisou o impacto da COVID-19 na percepção da qualidade de vida por parte de residentes e turistas.
A equipa de investigação foi coordenada por Cláudia Seabra, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território.
Mais de 1.300 pessoas contribuíram para esta análise: 751 residentes e 605 turistas. O estudo foi realizado entre 2019 e 2021; ou seja, antes e durante a pandemia, com pessoas com idades entre 18 e 42 anos.
Bem-estar da comunidade, questões urbanas, modo de vida, orgulho e consciência da comunidade, força económica e oportunidades de recreação foram tópicos analisados neste estudo publicado na revista científica Sustainability.
No geral, a perceção de qualidade de vida continua a ser elevada, apesar da pandemia.
O orgulho e consciência da comunidade foi o aspecto que teve nota mais positiva – Portugal recebe pessoas de várias nacionalidades e culturas (e Coimbra é uma cidade universitária, com estudantes de todo o mundo).
O modo de vida também teve avaliação alta; os relacionamentos sociais e a indústria do turismo “foram cada vez mais valorizados no período pandémico, tanto para turistas como para residentes”, segundo Cláudia Seabra.
A professora ficou surpreendida com as respostas dadas sobre a força económica: “Apenas os turistas atestam a existência de lojas e restaurantes pertencentes a residentes, assim como preços de bens e serviços justos; algo que foi mais criticado por residentes, que tiveram uma maior consciência dos preços elevados e do desaparecimento de negócios durante o período pandémico”.
O factor com avaliação mais baixa foi o das questões urbanas. Residentes e turistas não estiveram satisfeitos com os “velhos problemas de trânsito”.
As oportunidades de recreação conseguiram nota mais alta durante a pandemia. A COVID-19 fez com que as pessoas dessem mais valor aos momentos culturais e desportivos.
“Precisamos de olhar para a indústria do Turismo a partir desta visão simbiótica entre turistas e comunidades locais. Saber o que os residentes sentem é fundamental para pensar um turismo mais sustentável ao nível económico, social e até cultural”, analisou a investigadora Cláudia Seabra.