COVID-19: uma simples escolha sua pode aumentar drasticamente o efeito da vacina

1

GOVESP

Desde o início da pandemia que os investigadores procuram responder a uma questão colocada durante as fases iniciais pela população geral: interessa ou não em qual dos braços somos vacinados?

Entre tantas complexidades no mundo da Ciência, são por vezes as soluções mais simples a passar completamente despercebidas.

Surpreendentemente, a alternação dos braços entre as doses iniciais e de reforço e o seu impacto na resposta imunitária nunca foi estudado a fundo — contam-se pelos dedos das mãos as investigações em relação a esta estratégia de vacinação, que oferecem resultados mistos.

Um dos estudos mais recentes, que recua a 2023, registou maiores respostas imunitárias depois de administrada a vacina num só braço, em vez de quando administrada nos dois. No caso da gripe, o Science Alert relembra um estudo de 2015, que verificou que vacinas administradas aos 2, 3 e 4 meses de idade em diferentes braços resultaram em maiores níveis de anticorpos do que quando administradas sempre no mesmo braço.

Agora, um novo estudo, publicado no The Journal of Clinical Investigation no passado dia 16 de janeiro, sugere que administrar vacinas em braços diferentes pode realçar a resposta do sistema imunitário ao envolver múltiplos gânglios linfáticos por todo o corpo, oferecendo assim uma defesa mais robusta contra patógenos.

Os diferentes lados do corpo drenam para diferentes gânglios linfáticos, ou seja, ao desencadear uma resposta imunológica em ambos os lados, o corpo pode ficar mais alerta.

“Ao alternar os braços, basicamente tem-se a formação de memória em duas localizações em vez de uma,” explica o especialista em doenças infecciosas, Marcel Curlin.

A equipa da OHSU analisou a resposta imunitária em 947 participantes que receberam duas doses de uma vacina contra a COVID-19. Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu ambas as doses no mesmo braço, enquanto o outro recebeu cada dose em braços diferentes.

Os resultados foram reveladores: quatro semanas após a segunda dose, indivíduos vacinados em braços alternados exibiram um aumento de 1,4 vezes nos anticorpos séricos específicos do SARS-CoV-2 em comparação com aqueles que receberam ambas as doses no mesmo braço.

Uma comparação mais detalhada dentro de um subconjunto de 108 participantes reforçou ainda mais estas descobertas, exibindo um aumento de até quatro vezes nos níveis de anticorpos para aqueles que foram vacinados em braços diferentes.

“Acabou por ser uma das coisas mais significativas que encontrámos, e provavelmente não se limita apenas às vacinas contra a COVID,” lembra Curlin.

A formação de memória em dois locais pode explicar o aumento observado na produção de anticorpos e a sua persistência por mais de um ano após a vacinação, desmentindo o estudo mais recente de 2023 acima referido.

Segundo este novo estudo da OHSU, os efeitos vantajosos de alternar os braços tornaram-se evidentes três semanas após a vacinação, com os benefícios a alargarem-se e a atingirem o pico às quatro semanas.

ZAP //

1 Comment

  1. Chamem-me antiquado , mas eu sou do tempo em que se tomava uma vacina em qualquer braço e ela simplesmente funcionava. É a nova “ciência”… Só não vê quem não quer.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.