Antigo líder da IL faz balanço negativo de excertos da convenção do partido: “O hiperracionalismo é a doença infantil do liberalismo”.
A Convenção Nacional da Iniciativa Liberal, que acaba neste domingo, não convenceu nenhum eleitor fora do universo do partido.
A convicção é de João Cotrim de Figueiredo que, perante os seus colegas liberais, apontou duas críticas: as tricas e a comunicação.
O antigo líder da IL quer menos tricas políticas, mais eleições e, para isso, é essencial melhorar a comunicação.
Citando Lenine, atirou: “O hiperracionalismo é a doença infantil do liberalismo”, para depois ser muito claro: “Este hiperracionalismo leva-me a crer que não ganhámos nenhum voto nesta convenção“.
Cotrim de Figueiredo acha que o programa político – apresentado nesta tarde para votação- “não podia ser um melhor programa, com esta capacidade de o partido continuar a crescer. São 35 páginas de liberalismo puro”.
Para o eurodeputado, ter boas ideias não chega. É preciso “boa base de programação política, adequada e competente, ação política e a forma como nos apresentamos para fora, ou seja, como comunicamos”, reforçou.
E deixou várias perguntas em Santa Maria da Feira: “O que é que inspira mais: um partido que aparece zangado e azedo, ou um partido que aparece como otimista? Um partido que se foca nas críticas e é bota-abaixo, ou um partido que é construtivo e mostra competência? Um partido que parece às vezes moralista e é certamente por vezes sectário, ou um partido que é aberto e apresenta ideias diferentes?”.
“As eleições europeias mostraram que é possível fazer política e agregadora com campanhas otimistas, confiantes, alegres, sérias e competentes”, continuou.
Melhorar a comunicação não tem mal algum. Quem tem ideias boas tem é de estar orgulhoso e feliz por tê-las e deve divulgá-las com esse mesmo orgulho e felicidade, bem como com a boa-disposição de quem sabe que está no caminho correto.
Agora é preciso não inverter as coisas. É preciso não mudar as ideias só porque isso é mais popular. Apesar de tudo, uma verdade inconveniente será sempre mais valiosa que uma mentira reconfortante.
A hipocrisia e a demagogia não são ferramentas da IL. Aliás, foi precisamente a assertividade, a verdade, a racionalidade, o rigor e a razão que atraíram a atenção de muita gente para a IL. Isso aconteceu comigo. Foi isso que me levou a achar que a IL era diferente, e muito melhor, que os outros partidos.
Mantenham o que está bem, e melhorem o que pode ser melhorado, sem subverter os valores e princípios que identificam a IL. Isso é o mais importante.
Mais dinamismo, empolgamento e e otimismo na forma de comunicar? Claro, não tem mal algum, pelo menos se não se cair no espalhafato, na obsessão e no exagero, e se não se perder nunca a essência da IL. Isso é o mais importante, isso é o que distingue.