O líder do Iniciativa Liberal (IL) acredita que o PS pode provocar uma crise política em outubro, quando se realizam as eleições autárquicas, se antecipar a possibilidade de ter maioria absoluta.
Em entrevista ao Diário de Notícias e à rádio TSF, este sábado, João Cotrim de Figueiredo disse acreditar que, se o PS antecipar a possibilidade de ter maioria absoluta em outubro, saberá criar uma crise política para antecipar as legislativas.
“Já há sinais de podermos não chegar ao fim da legislatura. Mas depende sobretudo da análise que o primeiro-ministro e secretário-geral do PS fizer sobre a possibilidade de ter maioria absoluta”, disse o presidente do Iniciativa Liberal.
Na perspetiva de Cotrim de Figueiredo, essa eventual crise política “nunca poderá ser provocada porque o primeiro-ministro é hábil e sabe que quem provoca crises políticas é penalizado”. No entanto, este “pode criar as condições para que essa crise aconteça e seja necessário antecipar eleições”.
“É muito tentador para o PS, tal como nós o conhecemos e como se tem desenvolvido na sociedade portuguesa, presidir um Governo numa altura em que haverá fundos para distribuir e uma recuperação económica para gerir”, afirmou.
“O Orçamento do Estado (OE) será certamente o toque. E, repito, acho que só acontecerá se o PS tiver a noção de que é possível chegar sozinho à maioria absoluta”, acrescentou o deputado único do IL.
Cotrim de Figueiredo reforçou ainda que esta sua análise não abrange apenas a vontade do PS de “exercer o poder de forma mais hegemónica”, mas também os partidos de esquerda, “que também têm outras preocupações, de sobrevivência”.
“É o caso oposto: se acharem que eleições antecipadas poderão conduzir a uma continuada erosão da sua base eleitoral terão de engolir alguns sapos para não permitir que haja essa crise política. Serão tempos interessantes, taticamente, à esquerda”, destacou.
O presidente do Iniciativa Liberal foi questionado sobre o crescimento do partido, visível nas três eleições em que participou (29 mil votos nas europeias, 68 mil nas legislativas e 134 mil nas recentes presidenciais) e, tendo isso em conta, qual será a meta para as próximas legislativas.
O deputado explicou que no IL não há o “hábito de fazer objetivos quantitativos” e que é um partido “que nasce e existe para afirmar ideias e projetos diferentes”. E aproveitou para afirmar: “Só nos interessa cativar e atrair pessoas na estrita medida que sejam cativadas por essas ideias e esse projeto.”
O liberal quis ainda deixar claro que o partido não vai “usar atalhos para crescer”, porque “não adianta crescer com base em pessoas que não acreditam verdadeiramente num projeto liberal para Portugal”.
Na mesma entrevista, o presidente do IL abriu a porta ao centrista Adolfo Mesquita Nunes, salientando que, se este “se sentir atraído, é bem-vindo na Iniciativa Liberal”, mas garantindo que, apesar de contactarem regularmente, nunca falaram desse tema.
“Se o Adolfo, com quem contacto regularmente – nunca falámos desse tema, fica aqui essa inconfidência, neste caso, de algo que não se passou –, achar que o seu futuro político continua a passar pela participação em partidos e que na Iniciativa Liberal esse futuro existe, pois com certeza que será bem-vindo, como qualquer pessoa convictamente liberal”, declarou.