“Triste” com a investigação a António Costa, ministro da Economia e do Mar negou contactos com Lacerda Machado e garantiu que não se vai demitir. “O que aconteceu é isto: nada.”
O ministro da Economia e do Mar negou esta segunda-feira ter feito algum contacto com o consultor Diogo Lacerda Machado e afastou a possibilidade de se demitir, lamentando ainda o impacto que o caso teve para o primeiro-ministro.
“Estou há 20 meses no Governo e nunca tive qualquer contacto com o dr. Lacerda Machado”, afirmou António Costa Silva, que falava aos jornalistas, em Lisboa, à margem da cimeira tecnológica Web Summit.
O advogado Magalhães e Silva disse, no domingo, que o Ministério Público reconheceu o lapso na transcrição de uma escuta a Diogo Lacerda Machado, onde é referido o ministro da Economia, António Costa Silva, mas transcrito apenas António Costa, o primeiro-ministro.
“Foi o dr. Lacerda Machado que deu sinal ao Ministério Público que havia efetivamente esse lapso e o Ministério Público reconheceu”, disse o advogado aos jornalistas à entrada para o tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa.
Em causa está a escuta a uma chamada telefónica entre o ex-administrador da Start Campus Afonso Salema e Diogo Lacerda Machado, consultor da empresa, em que o primeiro pede ao segundo que aborde o Governo para que interceda numa alteração em matéria de códigos de atividade económica para os centros de dados.
“Tá bem. Eu vou decifrar essa, se é Economia ou Finanças. Vou começar por aí e depois logo lembro como tomamos a iniciativa de suscitar e sugerir. Se for Finanças eu falo logo com o Medina ou com o António Mendes, que é o Secretário de Estado. Se for Economia arranjo maneira depois de chegar ao próprio António Costa“, lê-se na transcrição.
Durante os interrogatórios judiciais dos arguidos detidos, entre eles Lacerda Machado, o Ministério Público acabou por reconhecer que a referida escuta truncada no despacho, diz a CNN Portugal.
“O que aconteceu foi zero”, disse o ministro em relação às suspeitas de contactos que manteria com o consultor e amigo próximo do primeiro-ministro. Negando qualquer contacto, reforça: “O que aconteceu é isto: nada”, e sublinha que não tem intenções de abandonar o cargo. “Está fora de causa, é uma mão cheia de nada”.
António Costa demitiu-se esta terça-feira após buscas na residência oficial do primeiro-ministro e de vários ministros no âmbito da “Operação Influencer”, que investiga suspeitas de corrupção nas concessões de lítio em Montalegre e Boticas, na mega-central de hidrogénio verde e no centro de dados da Start Campus em Sines.
Na declaração em que anuncia a sua demissão, Costa diz ter sido “surpreendido por um processo crime” contra si, do qual teve conhecimento através de uma nota do gabinete de imprensa do MP, que remete para o Supremo Tribunal de Justiça a investigação de uma escuta ao primeiro-ministro.
ZAP // Lusa