Costa precisa de “um banho de realidade”

José Coelho / Lusa

Luís Montenegro deixa dois avisos a António Costa e ao Partido Socialista: nem o poder é eterno nem o PSD vai dar borlas constitucionais ao PS.

No encerramento das Jornadas Parlamentares do PSD, que decorreram na Madeira, Luís Montenegro avisou o primeiro-ministro que “o poder não é eterno”.

O presidente do PSD considera que os socialistas “já tiveram a sua oportunidade e desperdiçaram-na”, e que agora está a chegar “a vez” de os sociais-democratas governarem.

Luís Montenegro aconselhou também António Costa a “tomar um banho de realidade” e a ser mais humilde.

“O poder não é eterno, o poder serve para mudar e transformar a vida das pessoas, e é preciso saber conviver com a circunstância de umas vezes sermos nós a protagonizar essa mudança e outras vezes serem outros”, afirmou.

Luís Montenegro garantiu, com alguma ironia, que “o mundo não vai acabar quando acabar o Governo do PS”.

Não é preciso estarem tão agarrados, estão ali como lapas, ali agarradinhos, a democracia é isto, já tiveram o vosso tempo, já tiveram a vossa oportunidade e já a desperdiçara”, atirou o líder dos sociais-democratas.

“Está a chegar a nossa vez, vamos estar no sítio certo para ganhar eleições e governar Portugal”, acrescentou.

Sobre a questão da revisão constitucional, Luís Montenegro afirmou que só vai fazer acordo se o PS aceitar mudar “algumas coisas” e não apenas os dois aspetos que tem apontado como fundamentais, relacionados com metadados e emergências sanitárias.

No encerramento das Jornadas Parlamentares do PSD, Luís Montenegro assegurou que o partido está a acompanhar “serenamente os trabalhos da comissão de revisão constitucional”, que decorre há alguns meses, mas deixou um aviso.

“Só vai haver revisão constitucional se for para mudar algumas coisas na Constituição, não é para mudar apenas aquilo que o PS quer. O PSD não vai dar borlas constitucionais ao PS”, avisou.

Por isso, prosseguiu Montenegro, se os socialistas pretendem com esta revisão “mudar só aquelas duas coisas que consideram mais importantes, não vai haver revisão constitucional”.

Terá sido uma referência implícita às alterações semelhantes nos projetos de PS e PSD, que pretendem constitucionalizar que os serviços de informações tenham acesso a metadados de comunicações e que medidas de isolamento possam ser decretadas sem recurso ao estado de emergência.

Qualquer alteração à Constituição tem de ser aprovada por dois terços, o que, na atual composição parlamentar, implica o voto a favor de PS e PSD.

ZAP // Lusa

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