/

Costa foi à lua com Jerónimo e voltou à terra “com o coração” na geringonça

16

António Cotrim / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa

António Costa enfrentou, nesta sexta-feira, o debate sobre o Estado da Nação com várias promessas e a certeza de que a proximidade das eleições não vai fazer com que o Governo mude de rumo. O primeiro-ministro também garantiu que está “com o coração” – e “com humildade” – empenhado na geringonça.

A tensão que se vive na geringonça, quando já se iniciaram as conversações com vista à definição do Orçamento de Estado para 2019, foi um dos grandes temas do debate do Estado da Nação que António Costa enfrentou nesta sexta-feira.

Num discurso conciliador, o primeiro-ministro foi fazendo juras de amor à aliança de esquerda, deixando a ideia de um “balanço claramente positivo destes dois anos e meio”.

E quando foi desafiado por Jerónimo de Sousa para “ir mais longe na defesa e reconquista de direitos”, António Costa ripostou que o líder do PCP “pode escolher a parte boa da lua e eximir-se da parte que não gosta”. “Eu assumo a lua em todos os seus ciclos“, sublinhou depois, frisando que o Governo está certo do caminho que quer “continuar a percorrer”, bem como da “companhia” com quem o quer percorrer.

Do lado do Bloco de Esquerda (BE), a deputada Mariana Mortágua também pôs o dedo na ferida da geringonça, abordando as falhas de diálogo que houve entre o Governo e os partidos de esquerda.

“Sempre que o PS quis governar à esquerda, nunca falhou a maioria no Parlamento e o Bloco nunca faltou a essa maioria. Resta saber se o PS quer faltar à esquerda“, desafiou Mariana Mortágua.

Mais directo foi o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, que questionou Costa sobre “se a geringonça ainda está no coração do PS”.

“Estamos não só com o coração como com humildade e sem duplicidade“, foi a resposta de Costa, frisando que o Governo mantém a “mesma confiança e determinação” nesta solução governativa.

Na sua intervenção, a líder bloquista Catarina Martins elencou aquelas que serão as grandes batalhas do BE para o Orçamento de Estado para 2019, garantindo que o BE vai “cumprir o compromisso com quem trabalha”, e prometendo ser uma “força para encontrar soluções”. Assim “queira o Governo encontrá-las com a esquerda”, desafiou.

Aumentos no abono de família e em 95% das pensões

Na sua intervenção inicial, o primeiro-ministro fez um balanço positivo dos anos de governação, falando de uma realidade com “mais crescimento, melhor emprego e melhor igualdade”. E também vincou que “não será por estarmos a um ano de eleições que vamos sacrificar o que já conquistámos ou mudar de rumo”.

“O próximo Orçamento do Estado é sobretudo um orçamento de continuidade“, prometeu António Costa, frisando a “continuidade na recuperação de rendimentos” e no “descongelamento de carreiras”. Prometeu também que “mais de 95% das pensões serão aumentadas, 68% acima da inflação”.

“No próximo ano, será completado o aumento progressivo do abono de família nos primeiros três anos de vida e a reposição do 4.º escalão e entrará em pleno funcionamento a terceira componente da Prestação Única de Deficiência, relativa à compensação por encargos específicos decorrentes da situação de deficiência”, acrescentou.

Costa também assegurou que “2019 terá o maior orçamento de sempre para a cultura”.

“Serviço Nacional de Saúde está destroçado”

A intervenção do PSD, neste debate da nação, centrou-se muito no estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com o deputado Adão Silva a falar de uma descida de 52 milhões de euros de investimento na área da saúde, entre 2015 e 2017, e a citar o caso da oncologia pediátrica de São João – “não brinquem com as crianças”, apelou -, bem como as recentes demissões no São José e na Maternidade Alfredo da Costa e a passagem das 40 para as 35 horas neste sector.

“Nós não vivemos o benefício do milagre, vivemos um Governo que está a fazer um esforço para recuperar do brutal desinvestimento que durante os quatros anos sofreu o SNS”, respondeu António Costa, aludindo ao Governo PSD/CDS-PP, e reforçando a queda da despesa do Estado com saúde de 6,9 para 5,9 do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2011 e 2015.

Vincando a ideia de um SNS “destroçado”, Fernando Negrão, o líder parlamentar do PSD, realçou que este “falha diariamente aos portugueses”. “O governo não investe no SNS e quem sofre são os portugueses”, referiu.

Negrão também sublinhou que “este é um governo que se tem limitado a andar à boleia da conjuntura internacional“, considerando que a solução governativa actual está “esgotada”. “A natureza desta maioria de esquerda é a do escorpião, não resiste a fazer mal quando pode e promete fazer bem”, acrescentou.

Do lado do CDS, a líder Assunção Cristas falou de “uma governação desastrosa”, referindo os “serviços públicos em colapso, professores em greve, consultas atrasadas, investimento público em mínimos históricos, carga fiscal nunca vista, dívida que não se controla”.

O deputado centrista Nuno Magalhães criticou também as “cativações Centeno” e a “austeridade da bomba de gasolina”. “Se não inverter as cativações”, Costa arrisca-se a ser “o carrasco do SNS”, considerou ainda.

SV, ZAP // Lusa

16 Comments

  1. A geringonça irá até ao fim da viagem com vários trambolhões pelo que resta do caminho mas na verdade estão todos eles condenados a aceitarem-se mutuamente com receio de chegarem ao fim beliscados, depois na campanha eleitoral ir-se-hão condenar uns aos outros sacudindo a água do capote como se não fossem eles os culpados mas sim o outro, o habitual em política que dá até numa comédia divertida mas sempre com maus resultados na carteira do zé povinho!.

      • O Caro amigo tem um problema: VÊ CURTO! E isso é um problema. Decididamente não percebe o que está a acontecer e pensa que é mérito deste governo. Não é. Até porque não fizeram rigorosamente nada que o anterior governo não tivesse começado nomeadamente no turismo e nas exportações. E estes são os dois fatores de crescimento. O senhor lembra-se que o modelo económico de crescimento deste PS assentava na procura interna?!!!!! Pois, enganaram-se: o país cresce pelo exterior (turismo e exportações), ou seja, o modelo defendido precisamente pelo anterior governo.

      • Caro ” amigo” e porque não cara “amiga” Vê mesmo curto Eu por acaso mudei de óculos há muito pouco tempo e vejo perfeitamente bem

      • Até pode ver bem… mas decididamente pensa mal e conclui pior. Fique bem com a sua boa visão!

      • A ignorância ou facciosismo partidário levam de facto muitas vezes as pessoas a não quererem ver o visível, eu não defendi que a vida foi fácil no governo anterior até porque quem herda um país à beira da banca rota não pode de facto governar como se tivesse a casa abastada de tudo de bom para distribuir por todos, foi o que aconteceu pela terceira vez sempre pelas mãos do PS chegarmos a tal estado de situação e sermos governados por imposição de instituições externas que nos emprestaram o dinheiro para a nossa sobrevivência, faço votos que não voltamos à mesma situação com a debandada dos culpados armados em anjinhos para que outros tenham que vir fazer a figura do diabo.

      • “…sempre pelas mãos do PS…”
        Como demonstra que não faz ideia do que se passou, recomendo a leitura deste artigo, para não voltar a escrever disparates:
        https://risco-continuo.blogs.sapo.pt/intervencoes-do-fmi-em-portugal-593413
        Assim já não tem desculpa para continuar na ignorância!…
        A ideia não é ilibar o PS de responsabilidades, mas sim desmontar que o PSD tem tanta responsabilidade nas “ajudas” externas do FMI como o PS!…
        Ou seja: são farinha do mesmo saco!!

      • Não vale a pena, por muito que tentem manipular já não conseguirão, é tramado não é? paciência, não se armaram aos cucos, agora aguentem, o mais engraçado é que vão todos ao fundo pelas próprias mãos, sem interferência de ninguém, quem diria.

      • Aqui está uma vez mais o infalível Eu com as suas provas retiradas de onde muito bem lhe agrada para demonstrar ao mundo que todos são culpados, o tal bloguista deu-se mais ao trabalho de culpar praticamente os subalternos do que o chefe, questão de gosto! todos os políticos são culpados pelo que de bem ou de mal façam no entanto há que reconhecer quem tem culpas de quê e quem é o chefe para o bem e para o mal.

      • Não são “provas”; são factos e por isso não os consegues desmentir!!
        Só comentei para clarificar a história; o resto é opinião de cada um e pouco importa…

  2. Bem, quer se goste ou não, se fizermos uma análise isenta da situação (crescimento económico, desemprego, défice, confiança dos consumidores, exportações, etc) há que admitir que o país está bem melhor que no tempo do governo de má memória do Irrevogável e do Coelho (parece que houve um engano nos mapas de Excel do ministro das finanças lololo) ; daí o facto de este governo do PS, sustentado por uma maioria de esquerda, não precisar de usar muito a desculpa usual do “foi o outro”.
    Há no entanto muitíssimo a fazer, como melhorar o desempenho / oferta dos serviços públicos, direitos laborais, combate á pobreza geracional, etc.
    Espero portanto que as coligações á esquerda se mantenham e, aos poucos, irmos fazendo de Portugal um melhor pais para todos vivermos.

    • Estamos tão bem, mas tão bem que o dinheiro não irá chegar até ao fim do ano, e depois a culpa será do Passos.
      Vocês gostam tanto dos pobres que nunca se cansam de os multiplicar, só que desta vez vão ser agarrados com a boca na botija, por mais voltas que dêem já ninguém irá acreditar nessas patranhas, vai ser muito giro de ver.

  3. Este quando abre a boca para falar ou entra mosca ou sai merda.ainda gostava de saber o que ele tem para dar aos jovens e menos jovens é só conversa de merda o governo não tem nem nunca teve nada para dar aos portugueses e muito menos para dar ou ajudar os jovens que tiveram de abandonar o país para não morrerem de fome com as suas famílias tenham vergonha na cara de uma vez por todas,já metem nojo com promessas de merda.

  4. Não se podem comparar os tempos do Passos pós Sócrates com os tempos do Costa pós Passos. Que teria feito Costa no lugar de Passos? Não teriam existido cortes e a troika saltava fora do barco? Que teria feito Passos no lugar de Costa? Mantinha as 40 horas para todo o povo e conseguia a conformação no público e os votos do privado?

  5. Costa pode estar,por conveniência de serviço, com a “Gerigonça”, mas, acima de tudo e de todos, está com a cabeça em Bruxelas e Berlim, de onde lhe vêm as ordens secretas, para aplicar a austeridade semi oculta.
    O Costa é manhoso…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.