A Comissão Nacional do PS aprovou na quinta-feira, por larga maioria, o conjunto de critérios proposto pela secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, para a escolha de candidatos a deputados nas eleições legislativas. Um dos critérios indica que António Costa vai escolher um terço dos futuros candidatos do partido.
Como noticiou o Sapo 24, numa reunião que durou cerca de três horas e que decorreu no Parque das Nações, em Lisboa, a proposta de critérios para a escolha de candidatos a deputados – processo que encerrará no dia 23 de julho com a aprovação definitiva das listas – teve apenas 14 votos contra.
Uma das resoluções tomadas foi o chumbo da proposta apresentada pela corrente minoritária liderada pelo dirigente socialista Daniel Adrião no sentido de o PS recorrer a eleições primárias (abertas a todos os cidadãos) para designar os seus candidatos a deputados às próximas eleições legislativas. Esta proposta teve só 23 votos favoráveis.
Mas, de acordo com o Público, se na definição dos requisitos para a escolha dos futuros parlamentares não houve grandes problemas na comissão política nacional, já quanto à mensagem sobre alianças para futuro os socialistas ainda não consensualizaram o que dizer, embora estejam a testar adjetivos em torno da ideia de uma maioria absoluta. Ou “absolutamente inequívoca”.
“O que estou a pedir é que os portugueses confiem no PS para continuarmos este caminho de recuperação e que haja uma maioria absolutamente inequívoca para o PS, que significa dar força ao PS para continuarmos a melhorar a vida dos portugueses”, disse aos jornalistas a secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, citado pelo jornal diário.
A dirigente socialista, que será diretora de campanha de António Costa nas legislativas de outubro – cargo que resulta de uma escolha direta do líder do partido -, detalhou os oito critérios que foram aprovados para a escolha dos candidatos e elaboração das listas.
Destes resulta que as listas têm de ser “tendencialmente paritárias” e que “obrigatoriamente” têm de cumprir a lei da paridade “para que haja mais participação de mulheres na vida política”. Na prática, significa que tem de haver no mínimo 40% de representação de um dos sexos.
Ficou ainda estabelecido que António Costa terá direito a escolher todos os cabeças de lista. Terá ainda direito a escolher 30% do número total de eleitos em 2015 para integrarem as listas e as federações distritais do partido indicarão a maioria dos nomes que as compõem.
Outro dos critérios acautela o trabalho de deputados que agora cessam a legislatura e a sua fidelidade ao grupo parlamentar liderado por Carlos César. “As federações deverão ter em consideração a capacidade de representação e de compromisso com a atividade do grupo parlamentar, nomeadamente a dedicação no exercício do mandato, a sua capacidade de representação e o empenhamento demonstrado”, segundo o documento.
Sobre a mensagem política, pouco foi adiantado. Para já, os socialistas vão prosseguir com as convenções regionais para debater os principais temas do programa eleitoral: desigualdades, alterações climáticas, demografia e sociedade digital.
As políticas de alianças ainda não entram na discussão. Depois de, esta semana, Carlos César ter colocado de parte os parceiros de esquerda, PCP e BE, criticando-os de forma violenta, na quinta-feira à noite, na SIC Notícias, o ministro das Infra-estruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, defendeu que o trabalho com os estes “veio para ficar”.
Questionada sobre o assunto, Ana Catarina Mendes defendeu a ligação aos partidos à esquerda do PS: “É para todos claro que, sendo o PS o maior partido nesta solução de Governo, sem ele não seria possível este conjunto de resultados. Mas é também de dizer que os parceiros que ao longo dos quatro anos apoiaram a soluções de Governo e que apoiaram os orçamentos do Estado contribuíram também para esta credibilidade”.
Segundo informou o Observador, já perto do final da reunião socialista, Ana Catarina Mendes disse ainda aos jornalistas que o PS avança para as escolha dos seus candidatos com “critérios muito objetivos” de “se abrir à sociedade civil, a pessoas representativas de vários espetros”.
No que a votos diz respeito, a secretária-geral adjunta explicou que o objetivo é ter “o voto de confiança”, argumentando com a “responsabilidade de quem prometeu e cumpriu”. “Partimos para legislativas do muito bom que já fizemos e do muito que queremos fazer para melhorar o combate à corrupção, maior transparência na vida política e na melhoria absolutamente essencial dos serviços públicos”.
Ainda durante a reunião de quinta-feira, relatou o Observador, depois de Daniel Adrião ter atacado fortemente a direção, António Costa respondeu-lhe para recusar lições de transparência, sublinhando o combate a corrupção que disse ser legado do PS.
O líder socialista terá dado exemplos, com a questão da separação de poderes entre o Ministério Público e o poder executivo, a criação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e de outras estruturas de investigação judicial e instrumentos legais, criados no seu mandato como ministro da Justiça no combate à corrupção.
Como diretora de campanha de António Costa nas legislativas de outubro, segundo fonte oficial do PS, citada pelo Sapo 24, Ana Catarina Mendes será coadjuvada por dois diretores operacionais: Duarte Cordeiro, líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) e atual secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e Hugo Pires, secretário nacional para a Organização e deputado eleito pelo círculo de Braga.