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Costa diz que alternativa ao PS é ir “rio abaixo” (e fala da insinuação “lamentável e surpreendente” do líder do PSD)

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Reiterando nada saber sobre o caso de Tancos, o secretário geral do PS, António Costa, arrancou o sétimo dia de campanha com críticas ao PSD, considerando ainda que os parceiros de esquerda não se comprometeram em “assegurar condições de governabilidade” durante os próximos quatro anos. 

Este domingo, num almoço-comício em Matosinhos, o líder socialista disse que aqueles que querem um Governo sem o PS têm “muitas alternativas”, desejando “que possam ir rio abaixo” à procura de uma alternativa.

“Quem quer um Governo sem o PS tem muitas alternativas. Como sempre em democracia há alternativas. E desejo que possam ir rio abaixo à procura de uma alternativa em que possam acreditar que fará mais e melhor do que o PS fará em mais quatro anos de governação estável do nosso país”, declarou António Costa.

Chegada esta fase da campanha eleitoral, sustentou “é muito evidente para todas e todos os portugueses que só há uma verdadeira escolha a fazer”: entre um governo do PS ou um Governo sem o PS. António Costa contou que todos os dias ouve na rua quem lhe diga “que quer votar no PS para que o PS governe com maioria ou sem maioria”, mas também “quem quer que o PS governe com ‘gerigonça’ ou sem ‘gerigonça'”.

No entanto, sublinhou, “seja a forma que desejem, só têm todos um ponto em comum“: de que é necessário votar no PS, para ter um governo do PS para alcançar “mais quatro anos de estabilidade política” em Portugal.

“Alguém acredita que sem o PS nós teríamos conseguido uma criação de emprego sem que o diabo tivesse assustado aqueles que investem e permitem criar mais riqueza ou mais emprego?”, questionou, depois de enumerar os feitos alcançados pelo Governo em matéria de crescimento económico e diminuição do desemprego.

E continuou: “Alguém acredita que sem o PS esta solução política tinha durado quatro anos? Ninguém acreditava que isso fosse possível”.

À chegada ao local do almoço-comício, António Costa foi recebido por um grupo de lesados do BES/Novo Banco, que se concentraram frente ao Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos num ruidoso protesto.

BE e PCP não se comprometeram com solução governativa

Também este domingo, e em entrevista à RTP, considerou que BE e PCP não se comprometeram em “assegurar condições de governabilidade” durante os próximos quatro anos e que a repetição da solução política desta legislatura dependerá de “um PS forte”.

“Tenho registado que nenhum deles se comprometeu em assegurar condições de governabilidade durante os próximos quatro anos”, afirmou o dirigente socialista, em entrevista à RTP, quando questionado sobre se a solução de um Governo do PS apoiado numa maioria parlamentar à esquerda é repetível na próxima legislatura.

O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, “disse que as condições políticas atuais eram completamente diferentes de as de há quatro anos, não sei o que isso significa, mas seguramente dia 6 [de outubro] à noite ou dia 7 podemos começar a saber”, prosseguiu Costa, acrescentando que a coordenadora nacional do BE disse “coisas mais diversas”.

“Quando vejo Catarina Martins a dizer que a história desta legislatura foi um combate entre a esquerda e o PS, eu de facto tenho dificuldade” em perceber se está disponível para um novo entendimento, explicou o socialista.

Costa afirmou que foi “o primeiro a dizer que” a apelidada geringonça funcionava e que “funcionará, se for o caso”, na próxima legislatura se houver “um PS forte”.

O também primeiro-ministro referiu que “as pessoas têm de ter noção” que aquele entendimento político “resultou de várias vontades, mas também de vários equilíbrios” e quem “assegurou esses equilíbrios foi seguramente” o Partido Socialista.

A “insinuação lamentável de Rio”

O caso de Tancos, cuja acusação foi conhecida na passada semana, voltou a ser tema nesta oitavo dia de campanha. Na mesma entrevista, António Costa lembrou que “há muitos meses que disse que nada sabia” sobre o caso de Tancos, respondendo a Rio, que acusou de ter feito “uma insinuação que é absolutamente lamentável”.

“Já há muitos meses que disse que nada sabia sobre esse caso e, em particular, sobre a forma como as armas foram recuperadas”, afirmou o dirigente socialista, acrescentando que o tinha dito “por escrito, nas respostas” que deu à comissão parlamentar de inquérito.

António Costa acrescentou que “a comissão, aliás, teve uma conclusão inequívoca em relação” ao desconhecimento “em absoluto desse processo”. “Até hoje nunca a Justiça me fez qualquer pergunta, se houvesse alguma dúvida seguramente me teriam feito qualquer pergunta”, explicou, respondendo assim às críticas de Rui Rio, que na quinta-feira disse achar “pouco crível” que Costa nada soubesse do caso.

“Rui Rio faz simplesmente uma insinuação que é absolutamente lamentável, devo dizer surpreendente, uma pessoa que julgava que seria firme nos seus princípios e que num dia diz que passa de maior inimigo público do Ministério Público para, de repente, ser o maior desconfiado quanto aquilo que é a competência própria dos tribunais para julgar”, considerou, sublinhando que “quando passar o calor da campanha eleitoral” e Rui Rio “cair em si, ele próprio concluirá que, ao longo desta semana, não tem agido à altura daquilo que nos habituámos”, lamentou.

“Percebo que se possa estar nervoso quando as campanhas não correm bem, mas aquilo que define um político é a capacidade de manter a cabeça fria e nervos de aço nos momentos mais difíceis”, sublinhou.

Questionado também sobre se mantém a confiança no ex-ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes, – um dos 23 acusados pelo Ministério Público no processo de Tancos -, o socialista afirmou que “há uma acusação que põe em causa aquilo que [Azeredo Lopes] disse, é o momento de ele poder exercer o seu direito de defesa” e “depois o juiz de instrução primeiro, o tribunal, se for o caso, apreciará essa matéria”.

António Costa vincou ainda que não vive “nesse mundo das teorias da conspiração”, onde Rio “vê conspirações nas sondagens, vê conspirações no Ministério Público, vê conspirações nos tribunais”.

ZAP // Lusa

 

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