Foram detetados casos de covid-19 nos acampamentos do monte Evereste. Teme-se que estejam reunidas as condições para um evento de supercontágio.
Com a chegada do novo coronavírus, o Nepal fechou as portas do Evereste aos alpinistas. No entanto, no mês passado, o país voltou a acolher estes aventureiros que procuram escalar a montanha. Na altura, muitos questionaram a decisão, com medo de um possível surto de covid-19.
Esses medos transforma-se em realidade, já que, segundo o The Washington Post, apenas algumas semanas após o início da época primaveril de escalada, sintomas do vírus foram encontrados no acampamento base do Evereste.
Existem dois campos base, cada um em lados opostos do monte Evereste, o Acampamento Base Sul está no Nepal, a uma altitude de 5.364 metros, e o Acampamento Base Norte é no Tibete, a 5.150 metros de altitude.
Na semana passada, um alpinista foi evacuado de helicóptero devido ao que se acreditava ser um edema pulmonar de alta altitude, acabando por vir a testar positivo ao novo coronavírus ao chegar a um hospital em Catmandu, capital do Nepal.
Mais tarde, o The New York Times revelou que, na verdade, vários alpinistas testaram positivo após serem evacuados do acampamento base.
“Podemos ter quase a certeza de que já houve outros casos neste ano que foram diagnosticados incorretamente ou ocultados, e que haverá mais”, disse Adrian Ballinger, fundador da Alpenglow Expeditions.
Com o aumento das infeções no Nepal, enquanto a vizinha Índia enfrenta um surto descontrolado, as condições dos acampamentos do Evereste fornecem “as condições perfeitas para um evento de supercontágio”, atirou Ballinger.
Para piorar a situação, muitos dos sintomas da covid-19 são parecidos com enjoos de altitude e com a famosa “tosse Khumbu”, que afeta muitos alpinistas que tentam escalar o Evereste.
Apesar das ameaças de um eventual surto, o Nepal não cancelou nenhuma das 377 licenças de escalada emitidas até esta quarta-feira.