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Consumidores divididos em relação a taxa de sacos de plástico

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bicycle thief / Flickr

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Os sacos de plástico leves passaram este domingo a custar pelo menos 10 cêntimos, uma medida que divide os consumidores: uns já tinham sacos reutilizáveis e concordam com a decisão, mas outros consideram que o preço é demasiado caro.

A decisão de taxar os sacos de plástico dos supermercados a oito cêntimos, a que acrescem dois cêntimos do IVA, totalizando os 10 cêntimos por saco, faz parte da reforma da Fiscalidade Verde e foi anunciada pelo Governo como sendo uma tentativa de reduzir a poluição que resulta deste tipo de produto, sobretudo no mar, seguindo orientações europeias.

A Lusa esteve esta manhã junto às instalações de um hipermercado na Amadora, em Lisboa, e constatou no local que a maioria dos consumidores tinha sacos reutilizáveis, que normalmente são vendidos a 50 cêntimos, mas que hoje estavam a ser oferecidos gratuitamente aos que tivessem cartão de cliente (um saco por compra).

O Continente é um dos supermercados que ainda disponibilizava sacos plásticos gratuitamente – outros hipermercados, como o Pingo Doce e o Minipreço, já cobravam uma pequena taxa pelos sacos plásticos.

Sérgio Pinto fez as compras esta manhã com a mulher e contou à Lusa que “hoje, por acaso, não trazia saco” de casa, mas que “o Continente oferecia um saco” aos clientes que pagassem com cartão da marca.

“É uma questão de hábito”, disse Sérgio Pinto que, apesar de estar de acordo com a medida, discorda do preço: “Com o pagamento não concordo, é péssimo, é uma coisa horrível. No fundo, não queremos poluir o ambiente, mas o saco – ao preço que está – é uma coisa horrorosa, estamos a pagar um saco que efetivamente não tem valor nenhum”.

Um outro cliente, que preferiu não se identificar, esteve esta manhã no Continente da Amadora e pagou 10 cêntimos pelo saco onde transportava as suas compras.

À Lusa disse que, como não tem cartão de cliente do supermercado, não lhe foi dado nenhum saco maior e mais resistente e mostrou-se descontente com a medida.

“Claro que não estou de acordo, acho mal. É uma coisa de que as pessoas necessitam. Que pusessem a um cêntimo ou dois cada saco ainda se podia admitir, mas 10 cêntimos acho que é um bocado caro”, disse.

No entanto, há também consumidores que concordam com a medida e que dizem que não serão afetados por ela, uma vez que já substituíram os sacos de plástico leves por outros de materiais mais resistentes e que são reutilizáveis.

É o caso de José Inácio, que diz “o normal que já fazia sempre” é “utilizar os sacos recicláveis para não estar a poluir o ambiente”, pelo que está “absolutamente” de acordo com a medida, até porque considera que “as pessoas também abusam um bocadinho [do uso] de sacos de plástico”.

Também Francisco Ribeiro afirma que “já evitava há bastante tempo usar sacos de plástico” leves e “tentava reduzir ao mínimo” o seu uso: “Trago um saco de pano e levo as minhas compras num saco de pano. Concordo em absoluto com a eliminação dos sacos de plástico, mas não necessariamente com aproveitamentos políticos dessa medida”, contou.

“Faz-me muita impressão ir a uma praia no inverno e ver sacos a voar, dentro e fora de água. Tento contribuir para que isso não aconteça, não tenho uma esperança desmedida de que a minha contribuição seja significativa, mas acho que não há outra forma de contribuir”, relatou Francisco Ribeiro.

Marcelo Faria, que esteve na mesma superfície comercial de Lisboa esta manhã, diz que “não compensa” pagar 10 cêntimos por um saco que se utiliza uma vez, quando é possível “arranjar sacos a 50 cêntimos que levam as compras todas” e que são reutilizáveis.

Este cliente contou que “ninguém está a pagar sacos de plástico, está tudo a trazer compras sem sacos” e que o supermercado não está a cobrar por todos os sacos que disponibiliza, apontando o exemplo da peixaria.

“Estão a pôr o peixe em sacos de plástico e acho que isso não está a ser debitado aos clientes”, disse, acrescentando que “só em última necessidade mesmo” é que vai pagar os 10 cêntimos exigidos pelos sacos de plástico leves.

Este é igualmente a posição de Carlos Miranda, um reformado que assegura que “daqui em diante” não gasta mais dinheiro nestes sacos.

Para Carlos Faria, “não é com esta restrição nem com os sacos caros que vai começar a haver menos poluição”, antecipando que comece a haver “muito mais lixo fora dos caixotes, ao ar livre”.

Integrada na reforma da Fiscalidade Verde, a contribuição de oito cêntimos, a que acresce dois cêntimos de IVA, entra hoje em vigor e abrange os sacos de plástico leves, distribuídos nas lojas de todas as áreas, dos supermercados às farmácias ou restaurantes.

O Governo pretende reduzir o consumo de sacos de plástico leves, dos atuais 466 por cada português por ano para os 50 este ano e 35 em 2016, e prevê obter 40 milhões de euros com a contribuição, que faz parte de um pacote total de medidas avaliadas em cerca 150 milhões de euros.

Segundo o Ministério do Ambiente, liderado por Jorge Moreira da Silva, 17 milhões de euros obtidos através da Fiscalidade Verde serão direcionados para o fundo de conservação da natureza e para apoiar a mobilidade sustentável.

/Lusa

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