/

No meio das críticas, começou hoje o Congresso do PCP. O que esperar da reunião dos comunistas?

1

Mário Cruz / Lusa

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa

O congresso do PCP é tudo menos consensual, pois acontece em pleno estado de emergência, mas nunca esteve em cima da mesa que este não se realizasse, já que os direitos políticos não estão suspensos e os comunistas asseguraram cumprir todas as regras de segurança.

Em Loures, de sexta-feira a domingo, o PCP vai discutir um projeto de resolução política em que apresenta objetivos e faz uma análise dos problemas do país e do mundo.

Ao longo de 77 páginas, num total de mais de 15 mil carateres, os comunistas fazem uma avaliação dos quatro anos da Geringonça e são pouco pormenorizados nas metas para as próximas eleições, autárquicas e legislativas, diz a TSF.

No período de discussão interna, nas últimas semanas, foram feitas cerca de 1500 propostas de alteração, analisadas na reunião do comité central de sábado e domingo. Mas o que se pode esperar deste congresso?

A Geringonça vai ser um assunto central. Em março, ao lançar os tópicos para o debate nas estruturas, o comité central pedia para se fazer um balanço, refletir sobre o significado e retirar ilações do entendimento com o PS naquele que ficou conhecido como “nova fase da vida política nacional”.

No projeto de teses, a conclusão é que o partido faz um balanço positivo embora “limitado” dos anos da Geringonça, um período que, embora complexo e “com contradições”, não pode ser usado para “branquear a política e ação do PS”.

Um outro tema a discutir serão as eleições autárquicas de 2021 que, de acordo com o texto das teses, “serão enfrentadas como um momento para, a partir da consolidação e reforço da CDU, avançar na melhoria das condições de vida das populações”.

Sobre as legislativas e política, os comunistas defendem uma “alternativa patriótica e de esquerda”, cuja “base de apoio” deve ser alargada nas próximas legislativas, previstas para 2023, se não houver uma crise política entretanto.

Na parte da resolução em que avalia os anos de entendimento à esquerda, como PS, PEV e BE, nem uma só vez os comunistas se referem aos bloquistas. E recuperam o texto crítico já adotado em 2016.

Apesar dos entendimentos com o PS de António Costa nos últimos anos, o PCP é mordaz nas críticas aos socialistas, que acusam de não ter abandonado a “sua natureza de classe” nem deixa de estar subordinado ao “capital monopolista”.

No documento, os comunistas falam do PSD e CDS como partidos de direita e dizem que estes seguem estratégias reacionárias, numa tentativa de “branquearem responsabilidades passadas”.

A Iniciativa Liberal e o Chega, que elegeram um deputado cada nas legislativas de 2019, são classificados de “sucedâneos do PSD e CDS, associados aos centros mais reacionários do capital”, sendo apontado ao partido de André Ventura uma “dinâmica fascizante”.

O PAN, segundo o texto, tem beneficiado “da promoção” dos media e “assenta a sua intervenção num discurso demagógico a que não é alheio o anticomunismo primário” e uma convergência com a direita.

O Livre elegeu uma deputada, que, entretanto, deixou o partido, é descrito pelos comunistas como um partido que se apresenta “como força de causas e de influência em meios urbanos, nem sempre assumindo o seu caráter social-democrata e federalista”.

No Congresso haverá ainda tempo para enaltecer a luta pelo socialismo e falar sobre o Euro, pois os comunistas defendem a “libertação do país da submissão ao Euro e das imposições e constrangimentos da União Europeia”, pode ler-se.

ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.