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Confinamento ajuda a descontaminar águas da icónica baía do Rio de Janeiro

O confinamento no estado brasileiro do Rio de Janeiro devido à pandemia ajudou a descontaminar as águas da icónica baía de Guanabara que durante anos permaneceram poluídas e onde agora as tartarugas voltaram a marcar presença.

Desde que o confinamento social começou a ser implementado na denominada “cidade maravilhosa”, lugares que antes eram foco de grande poluição marinha, como a baía de Guanabara, que banha as praias da zona norte do Rio de Janeiro, ou as praias de Botafogo e Flamengo, têm hoje as suas águas mais cristalinas.

Na baía de Guanabara já são visíveis peixes e tartarugas a nadar nas suas águas, agora cristalinas devido à diminuição do número de barcos, por causa da pandemia de covid-19, segundo a agência espanhola Efe.

Segundo a capitania dos portos do Rio de Janeiro, Guanabara recebia mensalmente cerca de 250 embarcações de médio ou grande porte.

A baía de Guanabara, uma das mais importantes do Brasil e um dos primeiros locais onde o navegador português Fernão de Magalhães aportou na América, há anos que sofre com a questão da poluição que, além de ser proveniente de navios, é causada por águas residuais domésticas e industriais, e pela falta de compromisso das autoridades governamentais, que há anos prometem limpar as águas, mas sem resultados visíveis até agora.

As águas límpidas que Fernão de Magalhães encontrou quando aportou na baía de Guanabara, em 13 de dezembro de 1519, aquando da sua viagem de circum-navegação ao serviço da coroa espanhola, deram lugar a águas atualmente poluídas, vítimas de más políticas praticadas ao longo dos últimos anos, explicou à agência Lusa Lise Sedrez, especialista em história ambiental, em setembro passado.

“Esta é uma baía frágil neste momento. Anos de ocupação, mais concretamente no século XX, foram muito cruéis com a baía. Em termos de aterro, ela perdeu um terço do seu espelho de água. Ao longo do século XX ocorreram uma série de descargas de efluentes químicos que tiveram impacto na sua biodiversidade”, afirmou Lise Sedrez, cuja tese de doutoramento teve como objeto precisamente a própria baía de Guanabara.

“Além disso, uma falta de planeamento habitacional na baía, no século XX, fez com que a população em seu redor não tenha tido, e não tenha hoje, sistemas de tratamento de esgoto. Então, uma boa parte do esgoto ‘in natura’ é ainda despejado diretamente na baía”, acrescentou a brasileira à Lusa, meses antes da pandemia, e de a bía voltar a ter águas mais limpas.

O mesmo acontece agora com a praia de Botafogo, sede do clube de iates do Rio de Janeiro e uma das mais contaminadas da cidade, que registou hoje um panorama completamente diferente.

Embora o lixo ainda possa ser visto a flutuar nas águas, a poluição deixada pelo combustível dos barcos – e os seus contínuos derrames – diminuíram substancialmente com a descida do tráfego marítimo, tanto na baía, como na praia de Botafogo.

Até domingo, o Brasil totalizou 16.118 óbitos e 241.080 casos confirmados de covid-19 desde o início da pandemia no país.

O Rio de Janeiro, terceiro estado com maior número de casos confirmados, registava no domingo 22.238 casos de infeção e 2.715 vítimas mortais.

// Lusa

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