A nova empresa de transporte privado Cabify, que fará concorrência à Uber e aos taxistas, começa a operar esta quarta-feira em Lisboa. Os taxistas insistem que a nova plataforma é igualmente ilegal e garantem que vão contestá-la “tal e qual o que fazemos com a Uber”.
Quase duas semanas depois da manifestação simultânea de taxistas em Lisboa, Porto e Faro contra o serviço da Uber, chega hoje à capital a Cabify, uma plataforma espanhola de transporte privado.
A Cabify vai operar da mesma forma que a Uber, através de uma aplicação gratuita para iOS e Android e cobrando um valor calculado a partir da distância do ponto de partida e do ponto de chegada, independentemente do tempo gasto no percurso.
Em Portugal, o tarifário é de 1,12 euros por quilómetro, com uma tarifa mínima de 3,50 euros (viagem mínima de três quilómetros). De acordo com a TSF, os primeiros carros da Cabify já estão na rua, mas o número de veículos não é conhecido.
Questionada sobre a entrada em Portugal da Cabify, a Uber descreve a concorrência como positiva.
“A existência de concorrência e de alternativas na forma como deslocamos do ponto A para o ponto B nas cidades é algo que vemos como muito positivo para os consumidores e para as cidades portuguesas”, considerou a empresa.
Segundo o site da Cabify, a empresa está presente em 17 cidades de Espanha (sete), do México (cinco), da Colômbia (duas), do Chile (duas) e do Peru (uma).
Taxistas querem travar a Cabify
Em declarações à Lusa na semana passada, o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL, Florêncio Almeida, disse que a Cabify é “a mesma coisa do que a Uber”, pelo que a associação vai contestá-la, tanto como tem feito com a outra plataforma.
“Vamos recorrer aos tribunais, vamos fazer tudo da mesma forma”, afirmou, realçando que isso deverá acontecer quando a operadora começar a operar em Portugal.
Por seu lado, o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos, afirmou que apenas aceitará a instalação da espanhola Cabify em Portugal caso se limite a distribuir serviços a taxistas e a funcionar com viaturas descaracterizadas autorizadas.
Carlos Ramos considerou que se a Cabify entrar no mercado português para trabalhar com táxis e com viaturas descaracterizadas autorizadas – assinaladas como de Turismo (com a inscrição T) e de aluguer sem distintivo (A) – não vê “grandes problemas para o setor”.
“Mas creio que não será bem assim. Eles trabalham com outro tipo de grupo de carros descaracterizados, mas que são particulares. Aqui temos uma ‘Uber 2’. E aí, naturalmente, que nós iremos manifestar toda a nossa discordância em relação a mais esta plataforma”, acrescentou.
Segundo Carlos Ramos, a entrada de mais esta plataforma digital de aluguer de viaturas em Portugal “só vem dar razão” aos taxistas, mostrando que “é preciso travar isto rapidamente”.
“O Governo não pode continuar a refugiar-se na livre concorrência. É preciso fazer alguma coisa rapidamente. E espero que, se não for o Governo, que seja o parlamento a encontrar um enquadramento legal” para estas empresas, disse.
O representante manifestou ainda “algumas preocupações de que, tal como a Uber, esta plataforma não tenha homologação do IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes] para distribuição de serviços” em Portugal.
ZAP
Querem “mamar” sozinhos, livre concorrencia…. APOIADO….