Compra de carros de luxo. TAP fala em poupança, sindicato em “vergonha”

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A TAP encomendou uma nova frota de BMW para as suas chefias, de forma a substituir a antiga de Peugeot, enquanto cumpre um programa de resgate no valor de 3,2 mil milhões de euros. A empresa defende-se com uma poupança de 630 mil euros por ano, enquanto o sindicato fala em ato “vergonhoso”.

Segundo avançou esta quarta-feira a CNN Portugal, os veículos encomendados – destinados a administradores executivos e diretores da empresa – têm um valor de mercado que vai dos 52 aos 65 mil euros, são plug-in híbridos e começarão a chegar no início de 2023. Os automóveis serão adquiridos por contratos de ‘renting’.

A documentação interna consultada pelo canal televisivo e pelo portal Away revelou uma encomenda inicial de 79 veículos, das séries 5, X3 e X2 da marca alemã. Em resposta, citada pela agência Lusa, a TAP indicou que são 50 veículos e que, com a negociação, a empresa poupa 630 mil euros anualmente,

No topo da frota está um desportivo BMW 530e e o SUV BMW X3 xDrive 30e. O preço de venda ao público destes modelos começa nos 65 120 euros para o 530e e nos 65 870 euros para o X3. A maioria da nova frota é composta por BMW X2 xDrive 25e, cujo preço de venda ao público inicia-se nos 52 409 euros.

A TAP não respondeu sobre o custo mensal da nova frota. De acordo com a CNN, simulações de mercado (sem negociação de desconto, que a TAP terá conseguido) a prestação pode ficar entre os 608,94 euros + IVA (BMW X2 xDrive 25e, com 15 mil quilómetros ano e em 72 meses) e os 857,72 euros + IVA (BMW X3 xDrive 30e Pack M para os mesmos 15 mil quilómetros de utilização ano durante 48 meses).

“A atual frota de ‘renting’ é maioritariamente de 2017 e atinge em 2023 o máximo de prorrogações possíveis em contrato”, esclareceu a TAP, que justifica a aquisição de “viaturas híbridas ‘plug-in’, em vez do atual diesel, por motivos ambientais mas, também, pelos benefícios fiscais associados a estas viaturas, menos poluentes”.

“Esta opção representa uma poupança superior a 20% do valor mensal da renda e tributação, relativamente a novos contratos de ‘renting’ para viaturas com características semelhantes às atuais (gasóleo), estando em linha com o plano de reestruturação uma vez que representa o menor custo possível em sede de concurso no mercado”, continuou a empresa.

Questionada pela CNN/TVI/Away sobre porque é que TAP não considerou veículos de menor custo, a empresa respondeu que “as opções disponíveis para diretores passaram ainda a incluir uma marca premium, já que apresenta melhores rendas face a outras marcas, graças aos melhores valores residuais no final do contrato”.

Além disso, “esta opção apresenta também melhores prazos previstos para entrega das viaturas, considerando a crise de produção que o mercado automóvel atravessa”.

A TAP referiu ainda à CNN/TVI/Away que “foi feito concurso ao mercado, de acordo com o manual de compras da TAP, tendo sido convidadas a participar seis entidades no mercado português”, sem discriminar quais.

Já no comunicado a que a Lusa teve acesso, a empresa explicou que “a proposta escolhida foi a que apresentou o preço mais baixo, com uma renda mensal de 500 euros. Como referência, as outras propostas apresentadas à TAP com valor mais competitivo contemplavam rendas mensais de 750 euros”.

Sindicato condena renovação

Em reação, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) defendeu que a renovação da frota automóvel é ética e moralmente condenável, considerando que, se não for sinal de disponibilidade para subir ordenados aos tripulantes, é um ato de gestão “vergonhoso”.

Num comunicado aos associados que a Lusa teve acesso, o SNPVAC assinalou que “foi com enorme estupefação e uma boa dose de vergonha alheia que os sindicatos, os trabalhadores do grupo TAP e os contribuintes portugueses foram confrontados com uma notícia que pode até ter uma rebuscada justificação económica, mas que é ética e moralmente condenável”.

Para o sindicato, é “inaceitável” que, “além da administração da TAP, a tutela esteja também constantemente a apelar ao esforço dos seus colaboradores para a sobrevivência da companhia e venham a público notícias de ‘pequenos luxos’, de forma cíclica”.

“Queremos assim acreditar que esta decisão, que envolve milhões, de renovação da frota automóvel por parte da administração, só pode trazer boas notícias”, referiu o comunicado, sublinhando que tal “pressupõe a disponibilidade para aumentar os ordenados dos tripulantes, acompanhando a subida da inflação”.

Marcelo fala em “problema de bom senso”

Entretanto, em reação, o Presidente da República indicou que é compreensível que as empresas façam despesas, mas defendeu que é preciso “ter algum bom senso” quando o país e o mundo atravessam um “período difícil”.

“Já falei em relação a várias entidades públicas no passado e em relação à distribuição de dividendos e em relação aos salários e entendo que quando se está num período de dificuldade deve fazer-se um esforço para dar o exemplo de contenção”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

“É um problema de bom senso”, rematou, em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.

ZAP // Lusa

13 Comments

  1. Fod$-#$… Somos mesmo parvos. Andamos a meter mais de 3 mil milhões neste buraco para estes gajos agora andarem a comprar BMWs?!!!! E o ministro ainda fala em privatizar depois de a ter nacionalizado?!! Estava tão bem privatizada! Por alma de quem é que foram nacionalizá-la?!! Isto é um país de doidos.

  2. Se fosse aos gajos comprava ferraris. O povo paga tudo. Estamos cá para isso! Deem vergastadas ao povo que voltamos a eleger o PS.

  3. Mas será que com o salário que estes administradores ganham não dá para andarem no carro deles?
    Isto é mesmo uma VERGONHA, os que andam de transportes públicos é que pagam carros de luxo a quem ganha mais do que eles.

  4. Qual o salário desses administradores? Não dá para andarem nos carros deles?
    Isto é mesmo uma vergonha, os que andam de transportes públicos é que vão pagar carros de luxo a este …

  5. Não esquecer que nesta empresa existe o hábito de atribuir e pagar prémios aos administradores mesmo nos anos de resultados negativos (que diga-se de passagem, são praticamente todos). Agora, e depois de receberem mais de 3 mil milhões do NOSSO DINHEIRO, vão comprar carrinhos novos para todos. E como se isso não bastasse, escolheram BMWs.
    E se fossem todos para o carvalho, a começar por aquela criatura que dizem que é ministro das infraestruturas?! Este ministro, a avaliar por tudo o que tem feito, deveria estar internado no Júlio de Matos. Nacionaliza a TAP, obriga-nos a todos a meter lá mais de 3 mil milhões e agora vem falar em privatizar, mesmo perdendo dinheiro?!! E faz anúncios de aeroportos fantasmas, sendo logo desmentido e humilhado, como eu nunca tinha visto antes, na praça pública pelo PM?!!! Mas este senhor anda bem da cabeça?!!

  6. Isto é gozar com o povo que paga impostos, grande salto passarem de Peugeot para BMW, não limão o rabinho a qualquer papel, e o ministro que tutela aquela empresa sorvedura de dinheiro dos contribuintes nem , pia nem o outro que manda nele, mas a culpa é nossa não fazemos nada em contrario, com tantos híbridos tinha logo que ser dessa marca andarem a pavonear-se a conta do contribuinte. estes beneficiários que vao usar os carrinhos só recebem o ordenado minimo coitadinhos. a chulagem no seu melhor..

  7. Já quando compraram os novos aviões era para poupar, na TAP andam sempre a poupar……. 79 carritos para 79 administradores e diretores também está na altura de a TAP poupar em administradores e diretores dada a sua eficiência metade chegavam.

  8. Já agora… para que é que eles precisam assim tanto dos carros? Quais são as inúmeras deslocações em trabalho que têm de realizar em solo nacional?

  9. Coitado do William de “Carvalho”… está em quase todos os comentários… o Passos é que se deve estar a rir… o PS que dizia que não se privatizava nada é o mesmo que agora privatiza tudo! Carrega Costa!!!

    • O mais incrível é que estes cromos tiveram maioria absoluta!!!!!!! Fod#-$%!!! Mas quem é que votou nesta gente?!!! Tudo bem que é uma maioria absoluta feita com os votos de 2 em cada 10 portugueses. 5 abstiveram-se, os outros 3 votaram noutros partidos e apenas 2 votaram no PS. É uma maioria do “carvalho”… do William subentenda-se.

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