Companhias aéreas e aeroportos rejeitam exigência de vacina

Stina Stjernkvist / EPA

A oposição da indústria da aviação em tornar a vacinação à covid-19 obrigatória está a intensificar, à medida que as aprovações iminentes de vacinas desencadeiam um debate sobre o seu papel nas viagens aéreas.

O Airport Council International (ACI), que representa aeroportos em todo o mundo, juntou-se à maioria das companhias aéreas, que pedem a possibilidade de os passageiros escolherem entre o teste ou a vacina, temendo que uma regra geral impondo a vacinação seja tão prejudicial quanto a quarentena, noticiou na quinta-feria a Reuters.

A australiana Qantas Airways iniciou o debate na semana passada, afirmando que a vacinação seria necessária para os passageiros em voos internacionais.

Mas outras companhias aéreas, e agora aeroportos globais, temem que a espera pelas vacinas impeça as pessoas de viajar até que aquelas sejam amplamente disponibilizadas, prejudicando os negócios na Europa, que tem mercados de aviação domésticos relativamente pequenos.

“Assim como a quarentena paralisou a indústria, uma exigência universal de vacina poderia fazer o mesmo”, disse à Reuters o diretor-geral mundial da ACI, Luis Felipe de Oliveira. “Embora saudemos o rápido desenvolvimento de vacinas, haverá um período considerável antes que estejam amplamente disponíveis”, acrescentou.

“A indústria não pode esperar até que a vacinação esteja disponível em todo o mundo. Durante o período de transição, os testes e vacinas juntos desempenharão um papel fundamental na recuperação da indústria”, sublinhou.

A Austrália indicou que as pessoas que chegam do exterior precisarão ser vacinadas ou optar pelo isolamento, num número limitado de hotéis. O presidente-executivo da Qantas, Alan Joyce, referiu que a política pode se espalhar para outros países, notando que a prova de vacinação já é necessária para a febre amarela em alguns destinos.

O diretor do International Air Transport Association (IATA), Alexandre de Juniac, acredita que tornar as vacinas obrigatórias não funcionaria a nível global.

Shukor Yusof, chefe da consultoria de aviação Endau Analytics, com sede na Malásia, indicou que os países do sudeste asiático adotariam abordagens diferentes sobre os requisitos de vacinas.

O Ministro da Saúde de Taiwan, Chen Shih-chung, declarou na quarta-feira que os “passaportes” covid-19 são uma boa ideia, mas difíceis de colocar em prática. Já o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, pediu na quinta-feira um conjunto comum de reconhecimentos globais para as vacinas covid-19.

David Freedman, especialista em doenças infeciosas dos Estados Unidos (EUA), acredita que mais países seguirão o exemplo da Grã-Bretanha e usarão testes para reduzir o tempo de quarentena. “Para a maioria da população mundial, especialmente no mundo em desenvolvimento, vai demorar anos até que todos que desejam viajar tenham a possibilidade de receber a vacina”, frisou.

ZAP //

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