Os Jogos Olímpicos de Tóquio podem vir a realizar-se à porta fechada, disse à France-Presse, esta sexta-feira, a presidente do comité organizador do evento.
Por causa da crise sanitária podem acontecer situações em que “não podemos, de todo, autorizar espetadores“, reconheceu Seiko Hashimoto, acrescentando que os Jogos Olímpicos não seriam um “completo sucesso” se os organizadores não protegessem “completamente” os atletas e a população japonesa.
Hashimoto, que lidera o comité organizador Tóquio2020 desde fevereiro, depois da demissão do seu antecessor devido a um escândalo sexual, frisou que os organizadores estão a fazer tudo para que os Jogos Olímpicos não venham a ser anulados.
Face às incertezas relacionadas com a crise sanitária, os organizadores adiaram para junho a decisão sobre a presença, ou não, de espetadores nos locais. Em março, tinha sido decidida a interdição aos espetadores oriundos do estrangeiro.
No Japão, a região de Tóquio e outras três províncias enfrentam desde o passado domingo o terceiro estado de emergência por causa do aumento de casos de covid-19 e que impõe restrições aos eventos desportivos, que devem decorrer “à porta fechada”. A medida estará em vigor até 11 de maio.
Os hospitais japoneses encontram-se atualmente sob uma grande pressão, sendo que os organizadores dos Jogos Olímpicos têm sido criticados por pedirem a colaboração extraordinária dos médicos japoneses para os eventos desportivos, caso se venham a realizar.
“Se houver mudanças em relação aos eventos (Olímpicos) vão ser alterações que dizem respeito à presença de espetadores“, disse Hashimoto. “Esta é uma forma de reduzir as preocupações da população sobre o sistema hospitalar”, acrescentou.
Numa tentativa de apaziguar o ceticismo da população japonesa, que maioritariamente defende um novo adiamento ou mesmo a anulação dos Jogos Olímpicos, a organização publicou esta semana novos manuais com as medidas antivírus. A quarentena para os desportistas não vai ser exigida e a vacina não vai ser obrigatória.
Hashimoto referiu na entrevista à AFP que as medidas vão continuar a ser “adaptadas”, mas diz-se convencida de que os Jogos Olímpicos podem decorrer de forma segura. “É uma responsabilidade importante. Quero deixar isto bem claro à medida em que trabalhamos para os Jogos”, disse.
Ao afirmar que ouviu as preocupações da população, a responsável disse esperar que o público “ficasse contente” com a realização do evento desportivo.
Este mês, numa sondagem da Kyodo News, apenas 24,5% dos inquiridos se mostraram favoráveis ao evento já neste verão, com 39,2% a pedir o seu cancelamento e 32,8% a julgarem melhor um novo adiamento.
ZAPL // Lusa